Todas as Glórias
à Śrī Guru Mahārājācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!
Todas as Glórias à Śrī
Mahādeva!
Todas as Glórias à Śrī
Bhagavan!
Todas as Glórias à Śrī
Śakti Devī!
Todas as Glórias à Śrī
Śrī Jagannātha, Śrī Śrī Baladeva e Śrī Śrī Subhadrā!
Śrī Jagannātha à direita, Śrī Baladeva à esquerda e Śrī Subhadrā ao centro. |
श्रीगुरुस्तोत्रम्
[fragmento
adaptado do] śrīgurustrotam (saudações ao Guru)
गुरुर्ब्रह्मा गुरुर्विष्णुः गुरुर्देवो महेश्वरः ।
गुरु साक्षात् परंब्रह्म तस्मै श्रीमहासूर्याय नमः ॥
gururbrahmā gururviṣṇuḥ gururdevo maheśvaraḥ ।
guru sākṣāt paraṃbrahma tasmai śrīmahāsūryāya namaḥ ॥
O guru é Brahmā (o criador),
é Viṣṇu (o mantenedor), é Maheśvara (Śiva, o transformador).
O guru é verdadeiramente o
Supremo Espírito; reverencias à Śrī Mahāsūrya.
Sua Divina Graça Śrī Guru Mahārāja Ācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī. |
Neste mês
de agosto, no Templo Polimata, celebraremos em nosso satsaṅga a Gurupūrṇimā junto à Sua Divina Graça Śrī Guru Mahārāja Ācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī, Sumo Grão-Mestre Polimata, em
conjunto com a glorificação dos altíssimos Śrī Śrī Jagannātha, Śrī Śrī Baladeva e Śrī Śrī Subhadrā.
A Gurupūrṇimā
é o ritual que acontece anualmente dentro das tradições hindu, jainista e
budista (principalmente), com o objetivo de enaltecer os grandes professores
espirituais, preceptores do amor e do conhecimento divinos.
A palavra
sânscrita guru deriva de duas outras
palavras: gu, que significa
“ignorância, escuridão” e ru, que
denota o dissipador desta condição, e a palavra pūrṇimā (“lua cheia”) indica a momento do mês em que o ritual
ocorre.
Tradicionalmente,
esta homenagem ocorre no mês Āṣāḍha do calendário hindu (junho/julho do calendário
gregoriano). Porém, dentro da tradição polimata, a Gurupūrṇimā é festejada no
mês de agosto, uma vez que coincide com o ano novo pessoal e a ascensão da
maestria de nosso Gurudeva. As Deidades escolhidas
para acompanhar esta celebração, Śrī Jagannātha, Śrī Baladeva e Śrī Subhadrā, são as facetas divinas que regem o caminho
espiritual de nosso guru dentro da
tradição hindu.
Assim, esta
confluência transforma os satsaṅgas de
agosto em três eventos absolutamente especiais, que manifestam o amor
devocional em todo o seu esplendor.
श्री जगन्नाथाष्टकम्
śrī jagannāthāṣṭakam
śrī jagannāthāṣṭakam
(poema devocional de oito
estrofes ao Senhor do Universo)
कदाचित् कालिन्दी तट विपिन सङ्गीत तरलो
मुदाभीरी नारी वदन कमला स्वाद मधुपः ।
रमा शम्भु ब्रह्मामरपति गणेशार्चित पदो
जगन्नाथः स्वामी नयनपथगामी भवतु मे ॥१॥
मुदाभीरी नारी वदन कमला स्वाद मधुपः ।
रमा शम्भु ब्रह्मामरपति गणेशार्चित पदो
जगन्नाथः स्वामी नयनपथगामी भवतु मे ॥१॥
kadācit kālindī-taṭa-vipina-saṅgīta taralo
mudābhīrī-nārī-vadana-kamalāśvāda-madhupaḥ ।
ramā-śambhu-brahmāmara-pati-gaṇeśārcitta-pado
jagannāthaḥ svāmī nayana-patha-gāmī bhavatu me ॥1॥
mudābhīrī-nārī-vadana-kamalāśvāda-madhupaḥ ।
ramā-śambhu-brahmāmara-pati-gaṇeśārcitta-pado
jagannāthaḥ svāmī nayana-patha-gāmī bhavatu me ॥1॥
Aquele que ocasionalmente toca sua flauta às
margens do rio Yamunā em Śrī Vṛndāvana, que é como uma abelha e graciosamente
prova as faces de lotus das Vraja-gopīs, e cujos pés são adorados por Śrī Lakṣmī,
Śrī Śambhu, Śrī Brahmā, Śrī Indra e Śrī Gaṇeśa. Que o Senhor Jagannātha possa
ser objeto de minha visão. (1)
भुजे सव्ये वेणुं शिरसि शिखिपिच्छं
कटितटे
दुकूलं नेत्रान्ते सहचर कटाक्षं विदधते ।
सदा श्रीमद् वृन्दावन वसति लीला परिचयो
जगन्नाथः स्वामी नयनपथगामी भवतु मे ॥२॥
दुकूलं नेत्रान्ते सहचर कटाक्षं विदधते ।
सदा श्रीमद् वृन्दावन वसति लीला परिचयो
जगन्नाथः स्वामी नयनपथगामी भवतु मे ॥२॥
bhuje savye veṇuṁ śirasi śikhi-picchaṁ kaṭitaṭe
dukūlaṁ netrānte sahacara-kaṭākṣaṁ vidadhate ।
sadā śrīmad-vṛndāvana-vasati-līlā-paricayo
jagannāthaḥ svāmī nayana-patha-gāmī bhavatu me ॥2॥
dukūlaṁ netrānte sahacara-kaṭākṣaṁ vidadhate ।
sadā śrīmad-vṛndāvana-vasati-līlā-paricayo
jagannāthaḥ svāmī nayana-patha-gāmī bhavatu me ॥2॥
Aquele que segura uma flauta
em sua mão esquerda, que adorna sua cabeça com uma pena de pavão e veste-se com
um fino tecido de seda amarelo ao redor de sua cintura, que de relance observa
amorosamente seus companheiros, e que é para sempre conhecido como Aquele que
executa passatempos maravilhosos na morada divina de Śrī Vṛndāvana, que o
Senhor Jagannātha possa ser objeto de minha visão. (2)
महाम्भोधेस्तीरे कनक रुचिरे नील शिखरे
वसन् प्रासादान्तः सहज बलभद्रेण बलिना ।
सुभद्रा मध्यस्थः सकलसुर सेवावसरदो
जगन्नाथः स्वामी नयनपथगामी भवतु मे ॥३॥
वसन् प्रासादान्तः सहज बलभद्रेण बलिना ।
सुभद्रा मध्यस्थः सकलसुर सेवावसरदो
जगन्नाथः स्वामी नयनपथगामी भवतु मे ॥३॥
mahāmbhodhes tīre kanaka-rucire nīla-śikhare
vasan prāsādāntaḥ sahaja-balabhadreṇa balinā ।
subhadrā-madhya-sthaḥ sakala-sura-sevāvasara-do
jagannāthaḥ svāmī nayana-patha-gāmī bhavatu me ॥3॥
vasan prāsādāntaḥ sahaja-balabhadreṇa balinā ।
subhadrā-madhya-sthaḥ sakala-sura-sevāvasara-do
jagannāthaḥ svāmī nayana-patha-gāmī bhavatu me ॥3॥
Aquele que, na costa
do grande oceano, reside em um palácio no topo dourado da colina de Nīlācala,
acompanhado de Seu poderoso irmão Baladevajī e, entre eles, Sua irmã Subhadrā,
e que concede o privilégio de servi-Lo acima de todos os semideuses, que o
Senhor Jagannātha possa ser objeto de minha visão. (3)
कृपा पारावारः सजल जलद श्रेणिरुचिरो
रमा वाणी रामः स्फुरद् अमल पङ्केरुहमुखः ।
सुरेन्द्रैर् आराध्यः श्रुतिगण शिखा गीत चरितो
जगन्नाथः स्वामी नयनपथगामी भवतु मे ॥४॥
रमा वाणी रामः स्फुरद् अमल पङ्केरुहमुखः ।
सुरेन्द्रैर् आराध्यः श्रुतिगण शिखा गीत चरितो
जगन्नाथः स्वामी नयनपथगामी भवतु मे ॥४॥
kṛpā-pārāvāraḥ sajala-jalada-śreṇi-ruciro
ramā-vāṇī-rāmaḥ sphurad-amala-paṅkeruha-mukhaḥ ।
surendrair ārādhyaḥ śruti-gaṇa-śikhā-gīta-carito
jagannāthaḥ svāmī nayana-patha-gāmī bhavatu me ॥4॥
ramā-vāṇī-rāmaḥ sphurad-amala-paṅkeruha-mukhaḥ ।
surendrair ārādhyaḥ śruti-gaṇa-śikhā-gīta-carito
jagannāthaḥ svāmī nayana-patha-gāmī bhavatu me ॥4॥
Aquele que é um oceano de
misericórdia, cuja compleição física é, como Śrī Lakṣmī e Śrī Sarasvatī, tão bela quanto uma fileira de
nuvens de chuva enegrecidas. Aquele cujo rosto é uma flor de lótus
perfeitamente florescida, e que é adorado pelos semideuses mais importantes, e
cujas glórias transcendentais foram cantadas nas escrituras de nível superior.
Que o Senhor Jagannātha possa ser objeto de minha visão.
(4)
रथारूढो गच्छन् पथि मिलित भूदेव पटलैः
स्तुति प्रादुर्भावम् प्रतिपदमुपाकर्ण्य सदयः ।
दया सिन्धुर्बन्धुः सकल जगतां सिन्धु सुतया
जगन्नाथः स्वामी नयनपथगामी भवतु मे ॥५॥
स्तुति प्रादुर्भावम् प्रतिपदमुपाकर्ण्य सदयः ।
दया सिन्धुर्बन्धुः सकल जगतां सिन्धु सुतया
जगन्नाथः स्वामी नयनपथगामी भवतु मे ॥५॥
rathārūḍho gacchan pathi milita-bhūdeva-paṭalaiḥ
stuti-prādurbhāvam prati-padam upākarṇya sadayaḥ ।
dayā-sindhur bandhuḥ sakala jagatāṁ sindhu-sutayā
jagannāthah svāmī nayana-patha-gāmī bhavatu me ॥5॥
stuti-prādurbhāvam prati-padam upākarṇya sadayaḥ ।
dayā-sindhur bandhuḥ sakala jagatāṁ sindhu-sutayā
jagannāthah svāmī nayana-patha-gāmī bhavatu me ॥5॥
Assembleias de brāhmaṇas
cantam suas preces a cada passo dado pelo carro do Senhor Jagannātha, quando este
segue pela estrada durante o Ratha-Yatra. Ao ouvi-los, sendo o Senhor
Jagannātha um oceano de misericórdia e o verdadeiro amigo de todos os mundos,
benevolentemente dispõe-Se em favor deles.
Que o Senhor Jagannātha
possa ser objeto de minha visão. (5)
परंब्रह्मापीड़ः कुवलय दलोत्फुल्ल नयनो
निवासी नीलाद्रौ निहित चरणोऽनन्त शिरसि ।
रसानन्दी राधा सरस वपुरालिङ्गन सुखो
जगन्नाथः स्वामी नयनपथगामी भवतु मे ॥६॥
निवासी नीलाद्रौ निहित चरणोऽनन्त शिरसि ।
रसानन्दी राधा सरस वपुरालिङ्गन सुखो
जगन्नाथः स्वामी नयनपथगामी भवतु मे ॥६॥
paraṁ-brahmāpīḍaḥ kuvalaya-dalotphulla-nayano
nivāsī nīlādrau nihita-caraṇo 'nanta-śirasi ।
rasānandī rādhā-sarasa-vapur-āliṅgana-sukho
jagannāthaḥ svāmī nayana-patha-gāmī bhavatu me ॥6॥
nivāsī nīlādrau nihita-caraṇo 'nanta-śirasi ।
rasānandī rādhā-sarasa-vapur-āliṅgana-sukho
jagannāthaḥ svāmī nayana-patha-gāmī bhavatu me ॥6॥
Aquele que é a jóia da coroa
da transcendência, que cujos olhos são como pétalas de um lótus florescido, que
reside em Nīlachala, cujo pés descansam na cabeça e Sesa; que é abençoadamente
imerso em bhakti-rasa e de quem provém a felicidade que envolve o corpo
carregado de amor devocional de Śrīmati Rādhikā. Que o Senhor Jagannātha possa
ser objeto de minha visão. (6)
न वै याचे राज्यं न च कनक माणिक्य विभवं
न याचेऽहं रम्यां सकल जन काम्यां वरवधूम् ।
सदा काले काले प्रमथ पतिना गीतचरितो
जगन्नाथः स्वामी नयनपथगामी भवतु मे ॥७॥
न याचेऽहं रम्यां सकल जन काम्यां वरवधूम् ।
सदा काले काले प्रमथ पतिना गीतचरितो
जगन्नाथः स्वामी नयनपथगामी भवतु मे ॥७॥
na vai yāce rājyaṁ na ca kanaka-māṇikya-vibhavaṁ
na yāce 'haṁ ramyāṁ sakala jana-kāmyāṁ vara-vadhūm ।
sadā kāle kāle pramatha-patinā gīta-carito
jagannāthaḥ svāmī nayana-patha-gāmī bhavatu me ॥7॥
na yāce 'haṁ ramyāṁ sakala jana-kāmyāṁ vara-vadhūm ।
sadā kāle kāle pramatha-patinā gīta-carito
jagannāthaḥ svāmī nayana-patha-gāmī bhavatu me ॥7॥
Eu não oro ao Senhor
Jagannātha por um reino, nem por ouro, jóias, riqueza ou então por uma linda
esposa desejada por todos os homens. Minha única prece é para que o Senhor
Jagannātha, cujas glórias são constantemente cantadas pelo Senhor dos
Pramathas, possa ser objeto de minha visão. (7)
हर त्वं संसारं द्रुततरम् असारं सुरपते
हर त्वं पापानां विततिम् अपरां यादवपते ।
अहो दीनेऽनाथे निहित चरणो निश्चितमिदं
जगन्नाथः स्वामी नयनपथगामी भवतु मे ॥८॥
हर त्वं पापानां विततिम् अपरां यादवपते ।
अहो दीनेऽनाथे निहित चरणो निश्चितमिदं
जगन्नाथः स्वामी नयनपथगामी भवतु मे ॥८॥
hara tvaṁ saṁsāraṁ druta-taram asāraṁ sura-pate
hara tvaṁ pāpānāṁ vitatiṁ aparāṁ yādava-pate ।
aho dīne 'nāthe nihita-caraṇo niścitam idaṁ
jagannāthaḥ svāmī nayana-patha-gāmī bhavatu me ॥8॥
hara tvaṁ pāpānāṁ vitatiṁ aparāṁ yādava-pate ।
aho dīne 'nāthe nihita-caraṇo niścitam idaṁ
jagannāthaḥ svāmī nayana-patha-gāmī bhavatu me ॥8॥
Ó Senhor dos Semideuses!
Liberte-me rapidamente desta experiência mundana sem valor. Ó, Senhor dos
Yadus! Purifica-me desta morada de ilimitados pecados. Ah! O Senhor prometeu
conferir seus pés aos caídos e desabrigados. Que o Senhor
Jagannātha possa ser objeto de minha visão. (8)
जगन्नाथाष्टकं पुन्यं यः पठेत् प्रयतः शुचिः
।
सर्वपाप विशुद्धात्मा विष्णुलोकं स गच्छति ॥९॥
सर्वपाप विशुद्धात्मा विष्णुलोकं स गच्छति ॥९॥
jagannāthāṣṭakaṁ punyaṁ yaḥ paṭhet prayataḥ śuciḥ ।
sarva-pāpa-viśuddhātmā viṣṇu-lokaṁ sa gacchati ॥9॥
sarva-pāpa-viśuddhātmā viṣṇu-lokaṁ sa gacchati ॥9॥
Aquele que gentilmente
recitar este sagrado aṣṭakaṃ do Senhor Jagannātha até tornar-se livre dos
pecados e puro de coração, alançará a entrada em
Viṣṇuloka. (9)
Viṣṇuloka. (9)
॥ इति श्रीमत्शंकराचार्यविरचितं जगन्नाथाष्टकं
संपूर्णम् ॥
॥ iti śrimatśaṅkaracāryaviracitaṁ jagannāthāṣṭakam saṁpūrṇam ॥
Isto encerra a oitava stanza
do aṣṭakaṃ do Senhor Jagannātha, composto pelo venerável Senhor Śaṅkaracārya.
Śrī
Jagannātha, Śrī Baladeva (ou Balabhadra) e Śrī Subhadrā compõem uma trindade
celestial que representa a totalidade do universo, enquanto consciência,
manifestação e potência, respectivamente.
O Senhor Jagannātha
(literalmente “Senhor do Universo”, em sânscrito), é objeto de adoração de
tradições budistas e hindus, sendo considerado uma Deidade não-sectária de
origem tribal, uma vez que seu culto transcende as divisões das escolas filosóficas
presentes nas tradições indianas.
Desta forma,
nas escolas vaiṣṇavas, Ele é
reconhecido como uma forma abstrata de Śrī Viṣṇu ou Śrī Kṛṣṇa. Para os adeptos de
algumas linhagens śaivas
e śaktas, Ele é uma representação de Bhairava (“o terrível”), uma manifestação tântrica
de Śrī Śiva. E,
para algumas tradições budistas, é sincretizado com o próprio Senhor Buddha.
Ademais, ainda
que a influência vaiṣṇava seja atualmente predominante no culto ao Senhor Jagannātha, o processo ritualístico executado em Purī – cidade onde está localizado seu
mais proeminente templo – é baseado em
uma combinação de práticas originárias de diferentes tradições. Seus sacerdotes
são śaktas, e muitos dos mantras e yantras
utilizados são de origem tântrica.
A trindade antropomorfizada. |
As
influências de diferentes escolas são vastas e bastante complexas, e demandam
uma segunda postagem sobre o assunto. Aprofundaremos esta abordagem
futuramente. Na presente exposição, focaremos na ótica vaiṣṇava.
Há diversas
versões sobre o aparecimento do Senhor Jagannātha, desde as múltiplas
registradas no conhecimento védico quanto as que indicam o início deste
processo devocional por tribos pré-arianas (como os savaras, por exemplo).
Uma das
mais famosas está relacionada a um episódio descrito no Skanda Purāṇa, que
narra a jornada do rei Indradyumna em busca de uma visão do Senhor Viṣṇu.
Certo dia,
um brāhmaṇa chegou ao palácio e
despertou a curiosidade do rei ao comentar sobre uma manifestação de Sri Viṣṇu
chamada Nīlamadhava (Em sânscrito, nīla = azul e madhava é um nome utilizado em referência à Śrī Kṛṣṇa acerca
do passatempo em que o mesmo vence o demônio Madhu). Prontamente, Indradyumna
ordena a partida de outros brāhmaṇas
para que buscassem pela Deidade.
Vidyāpati, irmão do rei, a localiza em
uma pequena vila, fora dos domínios arianos, onde a mesma era secretamente
adorada pelo rei local, Viśvavasu. Após insistentes investidas, o mesmo é
convencido por Vidyāpati e a este revela Śrī Nīlamadhava.
Ao chegarem ao local onde a Deidade se
encontrava, Viśvavasu se retira para colher algumas flores a serem oferecidas à
Śrī Nīlamadhava. Lá,
Vidyāpati observa um pequeno corvo que se afogar nas águas de um lago
próximo, cuja alma imediatamente toma uma forma transcendental e ascende ao
mundo espiritual.
Antes que pudesse atirar-se ao lago para também
ascender, Vidyāpati é interrompido por uma voz
celestial que o ordena a comunicar o achado ao rei Indradyumna. Quando Viśvavasu
retorna, Śrī Nīlamadhava fala, manifestando o seu desejo de receber um tipo de adoração
mais opulento, que seria provido por Indradyumna.
Vidyāpati então retorna ao reino de Indradyumna
que, ao saber do ocorrido, prontamente se dirige ao local indicado por seu
irmão.
Todavia, ao
chegarem à suposta localização de Śrī Nīlamadhava, percebem o local vazio e acusam Viśvavasu de ter escondido a
Deidade. Este, então, tem sua prisão ordenada pelo rei Indradyumna.
Repentinamente,
uma voz vinda dos céus intervém dizendo:
“Deixe os
criadores de porcos e construa um grande templo para Mim no topo da colina Nīla (“a montanha azul”). Lá, você me verá não como Nīlamadhava, mas em uma forma feita de madeira de Nīm (como Dārubrahman, ou a manifestação do
absoluto em madeira).
Manifestar-me-ei
em quatro diferentes formas: Jagannātha, Baladeva, Subhadrā e Sudarśana Cakra (o disco de Śrī Viṣṇu, localizado ao topo do atual
templo do Senhor Jagannātha). Aguarde nas margens de Cakra Tīrtha e um grande tronco marcado com a concha, o disco, a maça e o lótus
emergirá.”
Indradyumna
imediatamente ordena o início da construção do templo e após um longo período
de espera, finalmente recebe a madeira sagrada para a confecção das Deidades.
Esta, com muito custo é retirada da água e então encaminhada em uma carruagem
dourada ao sítio onde o templo havia sido erguido.
Entrada principal do Śrī Puruṣottama Kṣetra. |
Śrī Puruṣottama Kṣetra, o famoso templo de Śrī Jagannātha (maior, mais ao fundo), Śrī Baladeva (intermediário) e Śrī Subhadrā (menor, mais à frente), localizados na cidade de Purī. |
Após uma
série de escultores terem falhado na realização deste trabalho, tendo suas
ferramentas destruídas no momento em que estas tocavam a madeira, o próprio Śrī Puruṣottama (um dos nomes de Śrī Viṣṇu, que significa “o mais elevado
ser”) manifesta-se como Viśvakarma (o grande arquiteto do Universo) e,
disfarçado como um senhor de idade, se apresenta ao rei Indradyumna para
esculpir as Deidades, sob a condição de poder trabalhar sozinho, a portas
fechadas e sem ser interrompido por 21 dias.
O rei
concorda. Porém, o mesmo não controla sua ansiedade e após 14 dias, tenta
espiar o trabalho de Viśvakarma. Depara-se então com a sala vazia e as Deidades
de Śrī Jagannātha, Śrī Baladeva e Śrī Subhadrā aparentemente inacabadas, sem mãos ou pés.
Ademais, o rei é
informado de que o escultor era o próprio Senhor Jagannātha e, devido à quebra
de sua promessa, Dārubrahman havia se manifestado daquela forma. Assim, tomado em remorso, Indradyumna
decide pôr fim à sua vida.
Na mesma
noite, Indradyumna é visitado em sonho pelo Senhor do Universo, que explica não
carecer de pés e mãos materiais para receber os itens oferecidos por seus
devotos, e que a quebra da promessa por parte do rei é apenas mais uma parte de
seus passatempos para que Ele pudesse se manifestar desta maneira.
Portanto, dentro da
tradição vaiṣṇava, a trindade
formada pelo Senhor Jagannātha, por seu irmão mais velho, o Senhor Baladeva e a
Senhora Subhadrā, sua irmã mais nova, carrega um simbolismo de puro amor
transcendental, representando o âmago do processo devocional.
O Senhor Jagannātha, do
alto de sua absoluta bondade e misericórdia, representa a completude e a
perfeição do todo cósmico celestial, que tudo sabe e tudo que é. O Senhor
Baladeva (onde bala = força e deva = deus) representa o trabalho
dhármico a ser executado dentro do processo devocional, desprovido de apego aos
resultados. Por fim, a Senhora Subhadrā (cujo nome pode ser livremente traduzido
como ‘gloriosa’) representa o puro amor, que é o combustível para o trabalho
dhármico, que leva aquele que neste persiste a alcançar a completude, a
realidade última.
Invocações mântricas
para o ritual:
गायत्री
gāyatrī (métrica védica de 24 sílabas, usualmente utilizada na invocação das Deidades)
gāyatrī (métrica védica de 24 sílabas, usualmente utilizada na invocação das Deidades)
श्रीजगन्नाथ
śrī jagannātha
ॐ जगथ्पालकाय विद्महे
पुरीप्रदेशय धीमहि
।
तन्नो जगन्नाथः प्रचोदयात् ॥
तन्नो जगन्नाथः प्रचोदयात् ॥
oṃ
jagathpālakāya vidmahe
purī-pradeśāya
dhīmahi ।
tanno
jagannāthaḥ pracodayāt ॥
Contemplamos o Guardião do Universo
Meditamos no Senhor da Cidade de Purī.
Reverenciamo-nos ao Senhor do Universo, para que nos ilumine com
sabedoria.
श्रीबलदेव
śrī baladeva
ॐ बलदेवय विद्महे
कामपालय धीमहि ।
तन्नो हालः प्रचोदयात् ॥
तन्नो हालः प्रचोदयात् ॥
oṃ
baladevāya vidmahe
kāma-pālāya
dhīmahi ।
tanno
hālaḥ pracodayāt ॥
Contemplamos o deus da Força,
Meditamos n’Aquele que satisfaz os desejos.
Reverenciamo-nos ao Arador (que assim representa o trabalho dhármico),
para que nos ilumine com sabedoria.
श्रीसुभद्रा
śrī subhadrā
ॐ नारायण्यै विद्महे
भुवनेश्वर्यै धीमहि
।
तन्नो हली प्रचोदयात् ॥
तन्नो हली प्रचोदयात् ॥
oṃ nārāyaṇyai
vidmahe
bhuvaneśvaryai
dhīmahi ।
tanno
devī pracodayāt ॥
Contemplamos Senhora da Prosperidade,
Meditamos na Soberana dos planos.
Reverenciamo-nos à Deusa, para que nos ilumine com sabedoria.
बीजमन्त्र
bījamantra (contém a sílaba mística raiz da Deidade – para ser repetido 108 vezes
na contagem da japamālā)
श्रीजगन्नाथ
śrī jagannātha
ॐ क्लीं जगन्नाथाय
नमः
oṃ klīṃ
jagannāthāya namaḥ
Reverências ao Senhor do Universo.
श्रीबलदेव
śrī baladeva
ॐ स्रीं बलभद्राय नमः
oṃ srīṃ
balabhadrāya namaḥ
Reverencias Àquele que é forte e poderoso.
श्रीसुभद्रा
śrī subhadra
ॐ ह्रीं सुभद्रायै नमः
oṃ hrīṃ
subhadrāyai namaḥ
Reverências à Gloriosa.
Nossos satsaṅgas com
Ayahuasca em à Śrī Jagannātha, Śrī Baladeva e Śrī Subhadrā, também
celebrando nossa Gurupūrṇimā Polimata e acontecem nos próximos sábados, dia 11/08,
no Templo Polimata de Boituva, em 18/08 no Templo Polimata de Mairiporã e em 25/08, no TemploPolimata de Campinas, a partir das 19h.
No dia 19/08, domingo, teremos a celebração oficial da Gurupūrṇimā Sua
Divina Graça Śrī Guru Mahārāja Ācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī. Uma festa
de profundo significado e sensibilidade.
Ingressos antecipados no site da Ordem Polimata.
Todas as Glórias à Śrī Guru Mahārājācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!
Todas as Glórias à Śrī Śrī Jagannātha, Śrī Śrī Baladeva e Śrī Śrī Subhadrā!
Agradeço com muito carinho à imprescindível
contribuição de Filipe Uveda (Metal) na elaboração do presente texto.
Minhas mais humildes, sinceras e
profundas reverências,
Yuri D. Wolf
ॐ
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