terça-feira, 4 de dezembro de 2018

ॐ Satsaṅgas à Śrī Lakṣmī e Śrī Gaṇeśa - Rituais de Encerramento 2018


Todas as Glórias à Śrī Guru Mahārājācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!
Todas as Glórias à Śrī Mahādeva!
Todas as Glórias à Śrī Bhagavan!
Todas as Glórias à Śrī Śakti Devī!
Todas as Glórias à Śrī Śrī Mahālakṣmī Devī e Śrī Śrī Mahāgaṇapati!


Neste mês de dezembro, nos Templos Polimatas de Campinas e Mairiporã, celebramos o encerramento de mais um ciclo junto aos pés de lótus de Śrī Mahālakṣmī e Śrī Gaṇeśa, agradecendo as oportunidades concedidas em mais uma ano de muito trabalho, superação e devoção.

Śrī Lakṣmī

É a personificação do esplendor, da beleza, da riqueza e da prosperidade dentro da Cultura Védica.

Śrī Lakṣmī
É a śakti de Śrī Viṣṇu, usualmente retratada aos pés de lótus de seu amado, quando este é conceitualizado como Śrī Nārāyaṇa. Assim, é sua contraparte feminina e, enquanto a potência energética do Mantenedor do Universo, é aquela que concede a bênção que permite ao devoto a “identificar e compreender seus objetivos” – eis o significado de seu nome, em sânscrito – além do véu de māyā, a ilusão material que ela mesma manifesta.

É também uma das Grandes Mães do Sanātanadharma. Sob a ótica mais popular, ao lado de Śrī Sarasvatī (consorte de Śrī Brahmā, aquele que cria) e Śrī Pārvatī (consorte de Śrī Śiva, aquele que destrói/transforma), forma a Tridevī – versão feminina da Trimūrti, a Trindade Suprema do panteão hindu.

Iconografia

Em sua iconografia mais usual, aparece com quarto braços, que representam os quarto grande objetivos da humanidade: dharma (a busca pela vida justa, ética e moral), artha (desenvolvimento dos meios materiais), kāma (a realização emocional, o prazer) e mokṣa (a liberação última, alcançada através do autoconhecimento).

As flores de lótus que Śrī Lakṣmī carrega em suas mãos posteriores representam jñāna (o verdadeiro conhecimento), a autorrealização, a consciência, o karman e a pureza, através da analogia da mais linda flor de luz que nasce em meio às águas pantanosas da ignorância.

Em uma de suas mão anteriores, em abhayamudrā, ela concede a bênção do destemor, de onde jorram moedas de ouro, que simbolizam a infinita riqueza material e espiritual de sua natureza. Em sua outra mão, em varadamudrā, concede a bênção da benevolência e caridade (dāna).

Seu vāhana (montaria) é Ulūka, a coruja. Simboliza proteção, paciência, inteligência e sabedoria, mantendo-se atenta na escuridão. Todavia, por ser um animal noturno, que não enxerga de forma plena sob luz do dia, também representa a tendência natural do sādhaka (caminhante espiritual) em buscar excessiva ou exclusivamente a riqueza material em detrimento à prosperidade espiritual.

Śrī Lakṣmī possui oito manifestações secundárias, cujo conjunto é conhecido como Aṣṭalakṣmī (aṣṭa = oito, em sânscrito), relacionadas a oito fontes de riqueza, e que representam as principais potências de Śrī Mahālakṣmī, sua manifestação enquanto a Suprema Śaktidevī:

-       Ādi Lakṣmī: sua manifestação primordial, a śakti de Śrī Viṣṇu;
-       Dhana Lakṣmī: aquela que concede a riqueza material;
-       Dhānya Lakṣmī: aquela que concede a riqueza na agricultura;
-       Gaja Lakṣmī: aquela que concede o poder da realeza;
-       Santāna Lakṣmī: aquela que protege a prole;
-       Vīra Lakṣmī: aquela que concede a coragem e a força;
-       Vijaya Lakṣmī: aquela que concede a vitória sobre os obstáculos
-       Vidyā Lakṣmī: aquela que concede o conhecimento, também nas artes e ciências.

Aṣṭalakṣmī.

Śrī Gaṇeśa

Usualmente, também conhecido como Gaṇapati (“Senhor dos Gaṇas”, a guarda de Śrī Śiva), é o deus com cabeça de elefante, uma das Deidades mais populares do hinduísmo.

Śrī Gaṇeśa.

É a personificação da vijñāna (sabedoria) e de buddhi (intelecto). Resplandecente, é também Śrī Vighneśvara, o “Senhor dos obstáculos”, aquele que abre os caminhos do sādhaka para a realização material, emocional e espiritual, mas que também cria impedimentos que ajudam a fechar as portas das tentações que atrapalham o caminho dhármico.  É “a porta de entrada” do panteão hindu, bem como o Senhor da escrita e do aprendizado.

Filho de Śrī Pārvatī e Śrī Śiva, o casal cósmico, possui diversas histórias diferentes que narram seu aparecimento. Em uma das mais famosas alegorias, conta-se que teve seu corpo moldado em argila por sua mãe, com uma cabeça humana; após conferir-lhe o sopro da vida, Śrī Pārvatī designou-o como guardião de sua residência, enquanto seu pai viajava pelos Himalayas. Obteve então sua cabeça de elefante após de decapitado pelo próprio pai, que ainda não o conhecia, quando impediu que o mesmo adentrasse sua casa.

Desesperada pelo sentimento de perda de sua criança, a Senhora da Montanha (“pārvatī”, em sânscrito) projeta toda sua fúria sobre Śrī Mahādeva, , manifestando a natureza protetora de sua essência materna, transformando-se em Śrī Durgā. Assim, tomado pelo remorso, Śrī Śiva se compromete com a reverter o incidente e designa a seus servos uma busca pelo primeiro ser que fosse encontrado dormindo virado para o norte.

Retornam com uma imponente cabeça de elefante, que então substitui a que havia sido decepada. Para amenizar o desgosto de sua consorte, Śrī Śiva declara que aquele é seu primogênito, elevando-o ao status de Deidade, concedendo-lhe o comando de suas tropas e instituindo sua adoração antes de quaisquer rituais e demais atividades religiosas.

Iconografia

A cabeça de elefante de Śrī Gaṇapati apresenta uma quase que imperceptível boca e grandes orelhas, uma analogia ao “falar menos, ouvir mais”. Os grandes olhos representam a visão que alcança além da aparente realidade material e a presa quebrada representa o sacrifício dhármico de Śrī Ekadanta (“Aquele que tem somente uma presa”), que autoflagelou-se para registrar em texto a narração do grande épico Mahābhārata, ditado pelo santo Vyāsadeva.

Usualmente é representado com quatro braços. Em suas mão posteriores, segura paraśu (machado), para cortar o denso apego ao mundo material e pāśa (corda), para obstruir ou liberar o caminho do devoto. Em suas mãos anteriores, concede abhayamudrā (a bênção do destemor) e segura um pote de doces (modakas ou laḍḍus), que representam os doces frutos em recompensa ao trabalho dhármico.

Apresenta o abdômen avantajado pois carrega em si passado, presente e futuro: todo o cosmos. Também representa sua generosidade, a sincera e total aceitação e proteção que ele assegura ao Universo.

Possui diversos vāhanas, que variam de acordo com as diversas manifestações de Śrī Gaṇapati: vāsuki (a naja sagrada), mayūra (o pavão), siṃha (o leão), e, o mais famoso, mūṣaka (o rato), que representa tamoguṇa, os desejos.

Dentre as muitas manifestações de Śrī Gaṇeśa, oito delas são destacadas:

-       Vakratuṇḍa: aquele que possui a tromba curvada, representa a vitória sobre a inveja;
-       Ekadanta: aquele que possui somente uma presa, vale à superação da arrogância;
-       Mahodara: aquele que possui uma grande barriga, personifica a derrota da ilusão e da ignorância;
-       Gajānana: aquele que possui a face de um elefante, simboliza o triunfo diante da ganância;
-       Lambodara: literalmente, “o barrigudo”, representa a conquista da ira;
-       Vikaṭa: o deformado, vale ao controle dos desejos;
-       Vighnarāja: o rei dos obstáculos, personifica a superação do ego;
-       Dhūmravarṇa: aquele que possui cor de fumaça, simboliza a superação do orgulho.

O Senhor dos Obstáculos.

Assim, considerando que Śrī Lakṣmī e Śrī Gaṇeśa não são um casal propriamente dito, como Śrī Rādhākṛṣṇa ou Śrī Pārvatī e Śrī Śiva, a adoração de ambos em conjunto se dá pela similaridade e união complementar de suas simbologias, relacionadas à bem-aventurança e realização, a sutileza e doçura divinas.

Por fim, a riqueza e a prosperidade concedidas por Śrī Lakṣmī só podem ser alcançadas pelo sādhaka que superou os obstáculos de sua vida através do trabalho dhármico ensinado por Śrī Gaṇapati. Da mesma forma, de nada vale o esplendor sem sabedoria, e não se alcança a abundância sem um afiado intelecto.

Invocações Mântricas para o ritual:

श्रीलक्ष्मी
Śrī Lakṣmī

गायत्री
gāyatrī

ॐ श्महालक्ष्म्यै विद्महे
विष्णुपत्न्यै च धीमहि ।
तन्नो लक्ष्मी प्रचोदयात् ॥

auṃ mahālakṣmyai vidmahe
viṣṇupatnyai ca dhīmahi
tanno lakṣmī pracodayāt

Contemplamos aquela que é a Suprema Śaktidevī,
Meditamos por compreensão n’aquela que é a consorte de Śrī Viṣṇu
Reverenciamo-nos Àquela que concede a realização de nosso dharma, para que nos ilumine com sabedoria.

बीजमन्त्र
bījamantra

ॐ श्रीमहालक्ष्म्यै नमः

auṃ śrīṃ mahālakṣmyai namaḥ

Reverenciamo-nos à Suprema Saktidevī.

श्रीगणेश
Śrī Gaṇeśa

गायत्री
gāyatrī

ॐ एकदन्ताय विद्महे
वक्रतुण्डाय धीमहि ।
तन्नो दन्तिः प्रचोदयात् ॥

auṃ ekadantāya vidmahe
vakratuṇḍāya dhīmahi
tanno dantiḥ pracodayāt

Contemplamos aquele que possui uma única presa,
Meditamos por compreensão n’aquele que tem a tromba curvada
Reverenciamo-nos àquele que possui presas, para que nos ilumine com sabedoria.

बीजमन्त्र
bījamantra

ॐ गं गणपतये नमः

auṃ gaṃ gaṇapataye namaḥ

Reverenciamo-nos ao Senhor dos Gaas.

* Sobre os bījas:

-       śrīm: sílaba de força lunar, que remete ao amor e devoção, à beleza, à fé e à rendição. Promove o desenvolvimento positivo junto ao Esplendor Divino;
-       ga: de força solar, remete ao elemento terra e à manifestação material,  do Dharma. Promove o desenvolvimento do intelecto e da sabedoria.

Os mantras serão aprofundados em nossa aula de língua sânscrita aplicada ao mantrayoga, que acontece por volta das 21h, antes dos rituais.

Nossos satsaṅgas com Ayahuasca à Śrī Mahālakṣmī Devī e Śrī Mahāgaṇapati e acontecem no próximos sábados, dia 08/12, no Templo Polimata  de Campinas e dia 15/12 no TemploPolimata de Mairiporã, a partir das 19h.

Em Mairiporã, no dia 16/12, teremos o tradicional almoço beneficente de encerramento, seguido da maṇḍala de prosperidade em um lindo ritual realizado pelo nosso querido Gurujī à Śrī Lakṣmī. Gentilmente solicitamos aos participantes que tragam flores e frutos para a realização desta ritualística.

Siga a programação dos eventos de Campinas e Mairiporã no Facebook.

Mais informações sobre rituais no site da Ordem Polimata.

Todas as Glórias à Śrī Guru Mahārāja Ācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!

Todas as Glórias à Śrī Śrī Mahālakṣmī e Śrī Śrī Mahāgaṇapati.

Minhas mais humildes, sinceras e profundas reverências,

Yuri D. Wolf.
सङ्कटमोचन

sábado, 24 de novembro de 2018

Reflexões para a Sabedoria 4


      Não se prenda a nada que com o tempo venha a te destruir.

Somos prisioneiros e cultivadores de nossa destruição, o homem moderno desta Era é o que se encontra mais distante historicamente de se libertar e conhecer a Verdade Absoluta em relação a si mesmo, Deus e ao Todo.
Afinal de contas, temos nossa liberdade cerceada pela programação de falsos valores e verdades.
Como podemos saber quem somos se estão sempre nos dizendo como devemos ser?
Poucos desejam se conhecer e expandir-se além do que se tornaram, afinal, isto dá trabalho. Assim nos conformamos no sofá junto a TV vivenciando a vida passar, desta forma realizamos este mundo em que vivemos, através desta falta de expectativa devido a cegueira que se abate perante todos homens que acreditam ser livres dentro de suas celas prisionais do ódio, raiva, rancor, violência, preconceito, vingança, vícios, hábitos, desejos, dívidas, bancos, casa, carro, celular....Este homem moderno cava sua morte emocional, financeira, social, pois assim foi programado, consumir para saciar seus desejos e frustações de sua imagem perante os outros, até porque, a moderna falta de consciência nos ensinou que “IMAGEM É TUDO L”.
Sermos esta verdade não é mais necessário, temos o marketing L
Consumimos nossas vidas e tempo com emoções destrutivas que nos dominam, como o ódio, raiva, vingança, venenos que muitos desejam aos seus adversários de desafeto, porém, quem toma este veneno e se destrói, é VOCÊ que assim o deseja, que o produz, que o alimenta, envenenando a sua mente, sentimentos, bioquímica, desejos, seu espírito.
Pare de se envenenar, acorde deste pesadelo karmico inevitável em seu resultado.
Nossos desejos nos possuem.

Este homem moderno naturalmente sem consciência, possui seus valores atrelados ao que você possui materialmente falando. O que você é, é o resultado do quanto você tem no banco ou no bolso, não importa também se você é um cavaleiro ou um patife, a origem do dinheiro não importa, se é alcançada através de corrupção ou crime, afinal o que importa é o gozo dos sentidos, o poder econômico deste mundo louco e sem sentido que vivemos, esta falta de sentido na vida, é o resultado de nos encontramos perdidos.
Hoje você compra uma casa financiada, se endivida no banco e se torna prisioneiro de uma dívida que lhe vai consumir, aflorar o seu medo, afinal você pode perder o emprego, ficar doente, o que será de minha família, da minha vida se eu perder o pouco de poder material que alcancei? Ao se deparar com esta questão muitos caminham no karma de assaltos, crimes, tráfico, corrupção...
Você se tornou prisioneiro de seus bens e de seu Status Quo, cego na ilusão de um domínio que não possui.
Fazer o certo, normalmente é o mais difícil a ser realizado.
Este satori é muito importante, muito discípulos conhecem as implicações e importância deste verso para a Iluminação, ele se inicia com uma questão base, o que é “fazer o certo”?
O certo se existir é o caminhar pelo Dharma, sendo um exemplo de harmonia, companheirismo, altruísmo, humildade, gentileza, alegria, integridade, amor...
Valores este que o homem moderno diz possuir, o que vemos na prática de nosso dia-a-dia não ser a verdade real. Quando estendermos as mãos como Gandhi em sua caminhada de paz, sobre o voto de ahimsa, não-violência, poderemos assim parar de nos agredir uns aos outros.
Não se prenda aos desejos que tornaram sua vida um pesadelo para mantê-lo.
Muitos se perguntaram, mais como me libertar?
Um dos meus primeiros gurus dentro do sanatana-dharma foi Sri Somaka Maharaj que sempre me falava sobre o pensamento que se tornou livro: “Vida Simples, pensamento elevado”.
Foi através desta máxima vaisinava que fora ensinada por Srila Prabhupada (fundador do movimento Hare Krsna) desvenda um dos caminhos. Pensem nisso, pois será o próximo satori em busca de sabedoria.
Minhas mais humildes reverência ao meu querido Sri Gurudeva Somaka Maharaj Swami ki.....

Atenciosamente, deste simples servo do caminho.
Acarya Mahasurya Pandit Swami

terça-feira, 6 de novembro de 2018

ॐ Satsaṅgas à Śrī Viṣṇu


Neste mês de novembro, a Ordem Polimata Celebra 7 anos celebrando a manifestação divina sob a forma d’Aquele que tudo permeia: Śrī Viṣṇu.

Śrī Viṣṇu.

Trata-se de uma das três principais deidades masculinas do panteão hindu. Sob a ótica mais popular, é conhecido como o mantenedor, junto à Śrī Brahmā, o criador, e Śrī Śiva, o destruidor/renovador, forma a Trimurti – a Trindade Suprema do Sanātanadharma.

Dentro da escola filosófica vaiṣṇava, ele é a representação máxima de Deus, personificando a misericórdia e a bondade, a onipotência divina que preserva o Universo e mantém a ordem dhármica do cosmos.

Śrī Bhagavan (“venerável, afortunado”, aquele que possui os seis atributos: domínio, poder, glória, esplendor, sabedoria e renúncia) é usualmente retratado com quatro braços, que representam sua onipresença, onipotência e onisciência nas quatro direções. Assim, seus membros anteriores representam sua ação no mundo material e os posteriores no mundo espiritual, e também representam os quatro Vedas (Ṛg, Sāma, Yajur e Atharva), a síntese do conhecimento absoluto universal.

Em cada uma de suas mãos, Śrī Viṣṇu segura os atributos-chefe de sua grandeza (a ordem dos atributos varia considerando diferentes arquétipos):

-       Padma (lótus): a flor, usualmente segurada por Śrī Viṣṇu em abhayamudrā (gesto manual que concede a bênção do destemor), representa a beleza Divina, a pureza, a liberação espiritual face ao enredamento material. O desabrochar do lótus à luz do Sol é uma analogia ao florescer da consciência no indivíduo, quando este desperta ao se aproximar de Deus.

-       Kaumodakī Gadā (maça): a “clava que confere a felicidade à Terra”, elimina o sofrimento da ignorância refletindo a opulência do Divino através de Seu intelecto cósmico primordial, fonte de toda a força física, mental e espiritual.

-       Pāñcajanya Śaṅkha (búzio): representa o poder criativo de Deus, a primeira manifestação articulada de linguagem do Universo, o som auṃ: a mais elevada frequência vibracional cósmica, condensada em uma só sílaba, que origina todas as formas universais.

-       Sudarśana Cakra (disco): “a roda da visão superior”, representa purificação e a espiritualização da mente dentro do processo de autorrealização da alma. É a destruição Divina do falso ego, da ilusão e da ignorância, que permite o desenvolvimento da visão espiritual, e que culmina com a visualização de Deus; objetifica a Suprema Invencibilidade do Dharma.

Sua pele em tom azulado é uma referência à Sua natureza infinita e que tudo permeia, em uma analogia à cor do céu.

Suas vestes amarelo-ouro representam os pertences de sua consorte, Śrī Lakṣmī, a personificação da realidade material. Também simbolizam os Vedas, como os raios de Sol dourados que irradiam felicidade, energia, êxtase, e que iluminam o intelecto.

Śrī Viṣṇu monta Śrī Garuḍa, a águia celestial, que exprime grande força, poder e misericórdia, e que supera os impulsos dos sentidos, usualmente representados pelas cobras. A simbologia da águia refere-se a jīva (alma individual) carregando consigo paramātma (a Superalma), que é Śrī Vāsudeva (“Aquele que habita a todos”), presente em todas as criaturas.

Śrī Garuḍa.

Enquanto Śrī Nārāyaṇa (“o homem primordial”, ou “Aquele que repousa sobre as águas”), repousa em Anantaśeṣa (a “serpente eterna”) sobre kāraṇārṇava, o oceano causal. Assim, por montar uma águia e apoiar-se sobre uma serpente, animais tidos como inimigos naturais, o Senhor Viṣṇu também é a imagem do equilíbrio perfeito, que triunfa ante a destruição, dissolvendo a inimizade.

Śrī Nārāyaṇa.

As potências da dualidade presente em nosso universo mantém-se equânimes sob a vontade de Śrī Viṣṇu. Todavia, de tempos em tempos este equilíbrio é desestabilizado e a escuridão obtém vantagem, para que determinados processos possam ser desencadeados.

Desta forma, enquanto mantenedor do Dharma, o Senhor Sthitikartṛ (“Aquele que estabiliza”) desce à nossa dimensão para restabelecer a ordem como um avatāra (literalmente “aquele que desce”), uma encarnação divina, conforme mencionado na Bhagavad-Gītā, Capítulo 4, Verso 7:

यदा यदा हि धर्मस्य ग्लानिर्भवति भारत  
अभ्युत्थानमधर्मस्य तदात्मानं सृजाम्यहम् ॥७॥ 

yadā yadā hi dharmasya glāniḥ bhavati bhārata
abhyutthānam adharmasya tadā ātmānam sṛjāmi aham 7

“Sempre e onde quer que haja um declínio na prática religiosa, ó descendente de Bharata, e uma ascensão predominante da irreligião – aí, então, Eu próprio faço Meu advento.”

Assim, a cada descida, Śrī Viṣṇu ensina uma lição diferente, relacionada com os motivos que levaram o Homem ao declínio naquele período, nas diferentes yugas (eras): satya (a era de ouro), tretā (a era de fogo), dvāpara (a era da dúvida) e kali (a era do revés). Posteriormente teremos um texto falando sobre as yugas, especificamente.

De diversas listas dos daśāvatāras (dez principais encarnações de Śrī Viṣṇu), pode-se destacar abaixo a mais famosa:

1.    Matsya (satya yuga) – o peixe;
2.    Kūrma (satya yuga) – a tartaruga;
3.    Varāha (satya yuga) – o javali;
4.    Nṛsiṃha (satya yuga) – o homem-leão;
5.    Vāmana (tretā yuga) – o anão;
6.    Paraśurāma (tretā yuga) – o brāhmaṇa-kṣatriya;
7.    Rāma (tretā yuga) – o rei virtuoso;
8.    Kṛṣṇa (dvāpara yuga) – o Todo-Atraente, que dispensa apresentações;
9.    A. Balarāma (dvāpara yuga) – poderoso guerreiro, irmão de Śrī Kṛṣṇa
9. B. Buddha (kali yuga) – dependendo da tradição estudada, considera-se Gautama Śākyamuni como uma das encarnações do Senhor Viṣṇu;
10.Kalki (kali yuga) – uma encarnação futura, que descerá ao nosso plano ao final da presente era, marcando o retorno cíclico à Satya Yuga.

Os daśāvatāras de Śrī Viṣṇu.

Assim, Śrī Viṣṇu é Aquele que tudo permeia. É a bondade, o fluxo da vida, o desenrolar da criação, a personificação da Suprema Līlā (passatempo, jogo) de criar e recriar, infinitamente.

 Invocações mântricas 

गायत्री
gāyatrī

ॐ नारायणाय विद्महे
वासुदेवाय धीमहि ।
तन्नो विष्णुः प्रचोदयात् ॥

oṃ nārāyaṇāya vidmahe
vāsudevāya dhīmahi
tanno viṣṇuḥ pracodayāt


“Contemplamos Aquele que repousa sobre as águas da criação,
Meditamos n’Aquele que é o Senhor de Todos os Seres.
Reverenciamo-nos ao Onipenetrante, para que nos ilumine com sabedoria.”

द्वादशनो महामन्त्र
dvādaśano mahāmantra (“grande mantra de doze sílabas”)

ॐ नमो भगवते वासुदेवाय
oṃ namo bhagavate vāsudevāya


Reverências ao Senhor Supremo, Senhor de todos os seres.

Os mantras serão aprofundados em nossa aula de língua sânscrita aplicada ao mantrayoga, que acontece por volta das 21h, antes dos rituais.

Nossos satsaṅgas com Ayahuasca à Śrī Viṣṇu e acontece nos próximos sábados, dia 10/11, no Templo Polimata  de Campinas e dia 17/11 no TemploPolimata de Mairiporã, a partir das 19h.

Siga a programação dos eventos na Agenda Polimata.

Todas as Glórias à Śrī Guru Mahārāja Ācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!

Todas as Glórias à Śrī Śrī Viṣṇu!

Minhas mais humildes, sinceras e profundas reverências,
                                                                                                                    
Yuri D. Wolf
सङ्कटमोचन