Todas
as Glórias à Śrī Guru Mahārājācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!
Todas
as Glórias à Śrī Mahādeva!
Todas
as Glórias à Śrī Bhagavan!
Todas
as Glórias à Śrī Śakti Devī!
Todas
as Glórias à Śrī Śrī Ayyappa!
Śrī Ayyappa, em sua iconografia mais tradicional, no estilo malayala. |
Na estreia
de nossa Concentração Védica de Domingo com Ayahuasca, no próximo dia 14/07, às
16h no Templo Polimata de Campinas, celebraremos a misericórdia, a força e a
alegria do altíssimo Senhor Śrī Ayyappa.
O Senhor
Ayyappa é uma Deidade pouco conhecida no Brasil, mas muito popular no sul da
Índia, principalmente nos estados do Kerala e de Tamil Nadu.
Seu nome,
que na verdade é um título, assim como Bhagavan (“venerável”, para o Senhor Viṣṇu)
ou Īśvara (“soberano”, para o Senhor Śiva) pode ser livremente traduzido como
“Senhor Pai” nas línguas malayala (Kerala) e tâmil (Tamil Nadu).
Seu culto possui
origem em uma grande combinação de tradições, tanto regionais, como chola, pāṇdya, ajivika, dentre outras,
como também braḥmānica, tântrica, budista e jainista.
É uma das
oito principais encarnações de Śrī Śāstā, uma consciência divina que
manifesta-se em nosso plano como personalidades dotadas de profunda
misericórdia, portadoras de grande conhecimento para auxiliar na liberação das
almas condicionadas.
Ademais,
dentre os Aṣṭaśāstā – as oito principais encarnações de Śrī Śāstā – tornou-se
um com a personalidade de Śrī Dharmaśāstā, um grande sábio e vidente, que viveu
na região da floresta de Śabarīmālā, e que foi abençoado por Śrī Rāma (a sétima
encarnação de Śrī Viṣṇu) enquanto o mesmo cruzada o subcontinente indiano em
direção à Laṅkā, para salvar sua amada consorte, Śrī Sītā.
Śrī Ayyappa
é a Deidade que sincretiza o antigo conceito brāḥmānico de Aryaman/Indra: deuses
que estão próximos dos homens e cuja natureza protetiva, aliada ao seu grande poder,
preenche de confiança o coração de seus devotos.
Trata-se de
uma manifestação divina em forma de um svāmī
(neste caso, um yogin), originada
da união entre o Senhor Śiva e a Senhora Mohinī, um avatāra feminino do Senhor Viṣṇu.
Śrī Ayyappa em iconografia mais tradicional do norte indiano. |
É também é
conhecido por ser o Senhor dos Fantasmas e também de todos os seres (Bhūtanātha),
Aquele que dissemina conhecimento e paz (Dharmaśāstā), O professor que instrui
sobre o caminho da evolução espiritual (Śāstā), Aquele que é adornado com uma
jóia ou um sino em sua garganta (Maṇikaṇṭha/Maṇikaṇḍa), Aquele que é filho de
Śrī Viṣṇu (Hari) e Śrī Śiva (Hara), Hariharasuta, dentre outras qualidades
transcendentais.
Seus
atributos cósmicos estão relacionados com o equilíbrio entre a luz e a sombra,
o crescimento espiritual e material, o sacrifício devocional, o desprendimento/encaminhamento
de espíritos perdidos e negativos, a purificação kármica (principalmente diante
do planeta Saturno, conhecido como Śani Deva na astrologia hindu) e a
identificação integral da alma individual (jīva)
junto à Superalma (Paramātmān, a consciência absoluta universal).
Uma das
mais famosas histórias sobre o seu advento se dá após a derrota do demônio
Mahiśāsura diante da Senhora Durgā – conforme narrado no famoso texto Devī
Māhātmyaṃ (ou Caṇḍī Pāṭha) –, quando então sua irmã Mahīśī parte para vingar sua
morte.
Mahīśī
havia obtido uma benção do Senhor Brahmā que a tornava virtualmente
indestrutível: apenas uma criança nascida da força de Śrī Viṣṇu e Śrī Śiva
poderia derrotá-la.
Assim, para
salvar o mundo da aniquilação, o Senhor Viṣṇu encarna como a Senhora Mohinī
(“aquela que ilude”, em sânscrito). Primeiramente, no famoso episódio da
cosmologia hindu chamado de Samudra Manthana (“a bateção do oceano de leite”,
para a obtenção do amṛta, o nectar da
imortalidade), faz seu advento para iludir os asuras – demônios rivais aos devas
– e roubar-lhes o halāhala, o mais tóxico
veneno do universo.
Então, em
sua forma feminina, Śrī Viṣṇu une-se com o Senhor Śaṅkara e então dá origem ao
Senhor Śāstā.
Após o
nascimento do menino – neste momento, a ser conhecido como o príncipe Maṇikaṇṭha
–, seus pais depositam-no às margens do sagrado rio Pampa, no atual estado do
Kerala, atendendo a um pedido de um soberano sem filhos e muito religioso, o
rei Rājaśekhara.
Após a
adoção do menino pelo casal real, este fora novamente abençoado com um filho, agora
biológico: Rāja Rājān. Embora ambos os meninos crescessem como príncipes, Śrī Ayyappa
se destacou nas artes marciais e demonstrou grande afinidade em todos os śāstras (escrituras sagradas).
Ao
completar o treinamento e estudos de seus filhos, que eram ainda muito jovens, era
a hora do monarca nomear o herdeiro do trono. O rei Rājaśekhara desejava que Maṇikaṇṭha
fosse o seu sucessor, mas a rainha queria que seu filho fosse nomeado soberano.
Então, ela cria uma série de impedimentos para o Senhor Ayyappa.
Desta
forma, a rainha encena uma doença
misteriosa que só poderia ser curada com o leite de uma tigresa, o que
acarretaria uma tarefa praticamente impossível de ser realizada.
O destemido
garoto divino então parte para a floresta. No caminho, percebe o propósito de
sua encarnação na Terra e dirige-se para o embate junto a demoníaca Mahīśī.
Após uma
feroz batalha, a asurī morre nas mãos
de Śrī Ayyappa, recebendo mokṣa (a
liberação do círculo de nascimentos e mortes, o saṃsāra).
A vitória do garoto Maṇikaṇṭha sobre a asurī Mahīśī, sob o testemunho da jovem Śabarī. |
Posteriormente,
nosso herói retorna ao reino montado em uma tigresa acompanhada de seus dois
filhotes, demonstrando sua natureza transcendental. Então, o rei Rājaśekhara
reconhece sua divindade e o nomeia como sucessor do trono.
O retorno triunfal de nosso herói. |
Todavia,
devido à sua natureza monástica, Senhor Ayyappa recusa o convite e retorna à
floresta para sua ascensão divina, onde eventualmente torna-se um com Śrī
Dharmaśāstā.
Então, o
rei Rājaśekhara pede ao arquiteto divino, Śrī Viśvakarma, o projeto de um
templo para ser construído na densa floresta na qual o Senhor dos Fantasmas havia
vencido Mahīśī, na região de Śabarīmālā, no mesmo local onde o Senhor
Dharmaśāstā e o Senhor Rāma haviam se encontrado, cerca de 4.000 anos antes. A primeira
Deidade ali instalada foi esculpida pelo Senhor Paraśurāma (a sexta encarnação
de Śrī Viṣṇu).
Śabarīmālā Śrī Ayyappasvāmī Kśetraṃ, com os devotos carregando seus irumudis. |
Assim
sendo, o mais famoso e proeminente templo de Śrī Ayyappa, o Śabarīmālā Śrī
Ayyappasvāmī Kśetraṃ, é um dos maiores centros de peregrinação de toda a Índia,
recebendo cerca de 100 milhões de peregrinos anualmente.
Localizado
em uma área de difícil acesso, demanda grande esforço dos devotos que desejam
receber o darśana (grande bênção) do
Svāmī. Ademais, um jejum de 41 dias e uma série de preparos específicos devem
ser observados para esta visita tão especial.
O Templo de
Śabarīmālā é feito de ouro e possui uma escada com dezoito degraus, o Patinaṭṭāṃpaṭi, que representam a superação dos pañcendriyas (os cinco sentidos), a
superação dos aṣṭarāgas – as oito emoções
destruidoras: kāma (luxúria), krodha (raiva), lobha (avareza), moha
(ignorância do apego), mada
(orgulho), matsarya (competição
desleal), asūyā (inveja), dāmbha (ato de vangloriar-se) – a
superação do três guṇas (as
qualidades universais: sattva
(luz/bondade), rajas (paixão) e tamas (escuridão/ignorância) e, por fim,
a superação de vidyā e avidyā (o conhecimento e o conhecimento
errado – aquilo que se acredita saber, mas que não se sabe, de fato).
Patinaṭṭāṃpaṭi, os dezoito degraus sagrados de Śabarīmālā. |
Para
estarem aptos a subir pelo Patinaṭṭāṃpaṭi, os devotos devem estar
apropriadamente vestidos com seus dhotis
(vestimenta tradicional que lembra saiotes) na cor preta, laranja ou azul, como
também devem estar carregando o irumudi
sobre suas cabeças – uma pequena bolsa com provisões para a peregrinação e
itens para serem oferecidos à Deidade, cuidadosamente preparados sob a
orientação de seus Gurusvāmīs.
Dentre os
itens presentes no irumudi, o mais
significativo é o nei thenga, o coco contendo gṛhta – ghee, a manteiga clarificada.
Primeiramente,
o Gurusvāmī remove a água do coco, representando a purificação do corpo e da
mente do devoto após os 41 dias de jejum. Então, o mesmo preenche a fruta com o
ghee, que figura como a essência do
espírito do devoto.
Durante a
visita, o devoto oferece o nei thenga para que os sacerdotes possam
banhar a Deidade com o conteúdo do coco, que posteriormente é atirado a uma
fogueira na parte exterior do templo. A simbologia é de que, após a presente
experiência encarnatória, a consciência eterna do devoto (representada pelo o ghee) torna-se una com o Divino,
enquanto seu corpo material (representado pelo coco) é queimado – conforme
manda a tradição hindu.
A vitória
diante das condutas e sentimentos condicionantes que escravizam a consciência
humana, levam o devoto à bênção última do Senhor Ayyappa, que permite ao mesmo
conhecer sua verdadeira natureza transcendental: a identificação total com a
Consciência Divina, que é resumida na famosa frase tat tvam asi (“tu és esse”, em sânscrito).
Tat tvam asi, em malayala e sânscrito, na entrada principal de Śabarimālā. |
Assim, no
Templo de Śabarīmālā, devotos e Deidade são colocados no mesmo nível, condição
muitíssimo incomum dentro da tradição hindu. Todos aqueles que se sujeitam aos
desafios da viagem, tanto ao seu próprio interior quanto à mata fechada da
região, são chamados de svāmī e obtém
a graça d’Aquele que é o bastião da misericórdia.
Invocações Mântricas para o ritual:
ശ്ര്യയ്യപ്പ ഗായത്രീ
Śrī Ayyappa Gāyatrī
ഓം ഭൂതനഥായ വിദ്മഹേ
ഭവാനന്ദായ ധീമഹി
തന്നോ ശാസ്താ പ്രചോദയാത്
auṃ
bhūta-nāthāya vidmahe
bhavānandāya
dhīmahi ।
tanno śāstā
pracodayāt ॥
Contemplamos Aquele que é o Senhor dos fantasmas/de
todos os seres,
Meditamos n’Aquele que é o regozijo da prosperidade
Reverenciamo-nos Àquele que é o professor, para que nos ilumine com sabedoria.
Reverenciamo-nos Àquele que é o professor, para que nos ilumine com sabedoria.
ശ്ര്യയ്യപ്പ മൂലമന്ത്ര ൨
Śrī Ayyappa Mūlamantra
2
സ്വാമിയേ ശരണമയ്യപ്പാ
svāmiye
śaraṇaṃ-ayyappā
Ó, Pai de todos!
Refugio-me em ti, o autocontrolado.
Obs.: As inscrições acima estão no alfabeto
malayala, tradicional do estado do Kerala.
Mais
informações no Site da Ordem e no Facebook da Agenda Polimata.
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Minhas
mais humildes, sinceras e profundas reverências,
Yuri
D. Wolf.
സങ്കടമോചന