quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Śrī Śiva e śrī Pārvatī - Satsaṅga ao Casal Cósmico ॐ

Todas as Glórias à śrīla Guru Mahārāja Ācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!
Todas as Glórias à śrī Mahādeva!
Todas as Glórias à śrī Bhagavan!
Todas as Glórias à śrī Śakti Devī!

Śrī Śiva e śrī Pārvatī formam o casal que representa o equilíbrio cósmico entre o espírito e a matéria.


A história deste casal divino começa com o casamento de śrī Śiva com śrī Satī (cujo nome remete à Verdade Suprema, em sânscrito), primeira encarnação de śrī Śakti Devī, a potência feminina absoluta universal.

Śrī Satī encarnou como uma devota de śrī Śiva, com a missão de desposá-lo, trazendo-o de volta de seu profundo estado meditativo. Tinha por objetivo gerar com Ele um ser capaz de derrotar o demônio Tārakasura, que vinha gerando um desequilíbrio dhármico a partir de seus grandes poderes, oriundos de uma bênção concedida por śrī Brahmā, após uma série de sacrifícios.

Ela é também conhecida como Dākṣāyaṇi, “filha de Dakṣa”. Este, por sua vez, foi um famoso governante, filho de śrī Brahmā, e responsável pela procriação humana neste plano, a partir da criação de seu pai.

Śrī Satī, então, assume sua responsabilidade dhármica e se coloca aos pés de śrī Śiva como sua serva, renunciando à vida de princesa. Seus esforços são reconhecidos quando śrī Mahādeva questiona Sua pretendente sobre o que Ela busca n’Ele, um asceta que nada tem a oferecer, e Ela responde que nada deseja, a não ser Ele Mesmo.

Entretanto, Dakṣa, que era conhecido por sua arrogância, não aprova o casamento de sua filha mais nova junto a alguém que não vivia de acordo com as normas sociais da época, um eremita.

Agindo através de seu falso ego, Dakṣa anunciou um grande yajña (sacrifício ritualizado), convidando toda a criação, exceto sua filha e seu companheiro. Ao tomar conhecimento, śrī Satī é envolvida por uma grande ansiedade, que a conduz direto ao palácio do pai.

Ao chegar na corte, deparou-se com sábios, deuses e demais seres elevados reunidos junto ao fogo sagrado do yajña. Notou, porém, que ninguém parecia se importar com sua presença. Discutiu calorosamente com seu pai Dakṣa e compreendeu que o ritual objetivava a difamação da figura divina de śrī Śiva.

Tomada pela vergonha da desonra de ter um pai com a mentalidade tão limitada, orou para que, num futuro nascimento, fosse abençoada com um pai que Ela pudesse respeitar. Assim, atira-Se no fogo, suicidando-se. Furioso e desolado, śrī Śiva pune severamente todos os envolvidos e se isola no topo do monte Kailāsa, nos Himalayas.

Tal processo de reclusão do Auspicioso Senhor se fez uma brecha muito oportuna à Tārakasura, que intensifica seu litígio de terror.

Assim, o processo de aproximação de śrī Śakti Devī junto ao Senhor Śiva toma uma nova direção, seguindo a lógica da constante transformação que Ela representa.

Novamente, a Grande Mãe encarna. Desta vez, em uma família dedicada ao serviço devocional para śrī Śiva, nasce como filha de Himavat (a personificação dos Himalayas) e da Rainha Mena, com o nome de Pārvatī, a “Senhora da Montanha”.

Desde muito nova, śrī Pārvatī dedicava-se intensamente ao serviço devocional de śrī Śiva. Quando um pouco mais velha, sentia que Seu objetivo era alcançar os pés de lótus do Senhor como Sua esposa. Todavia, śrī Mahādeva ainda encontrava-se em profunda meditação e não percebia os esforços da jovem Śakti encarnada.

Receosos com o crescente poder de Tārakasura, os Devas enviam śrī Kāmadeva (o deus do “amor sensual”) para ajudar śrī Pārvatī através de suas flechas do desejo. Todavia, śrī Kāma não obtém sucesso e ainda acaba sendo pulverizado por śrī Tryambakam através de seu terceiro olho. A tentativa de conquista mal sucedida afasta ainda mais śrī Śakti Devī de Seu amado.

Depois de diversas tentativas relacionadas à conquista amorosa, śrī Pārvatī realiza, com a ajuda e Nārada Muni, que o caminho para os pés de lótus de śrī Śiva é o processo devocional ascético. Assim, abandona sua vida de conforto e riqueza e passa a realizar sacrifícios (tapasya) duríssimos, superando os mais avançados ascetas, tomando para Si o controle de seu corpo e sua mente, elevando-Se ao padrão de Seu amado.

As austeridades executadas por śrī Annapūrṇa (outro dos muitos nomes de śrī Pārvatī, que remete à abundância) geraram um massivo volume de energia e calor, que alcançam śrī Mahādeva e o despertam. Impressionado com os feitos de Sua pretendente, imediatamente A aceita como sua consorte. Casaram-se numa magnífica celebração, que é lembrada anualmente até os dias de hoje, no Māhaśivarātri.

Assim, uma das interpretações da União contada acima, é que esta representa a importância do equilíbrio entre puruṣa (espírito) e prakṛti (matéria) dentro do caminhar espiritual.

Śrī Śiva (“o Auspicioso”, em sânscrito) representa a transcendência do Ser, a renúncia à vida material da qual floresce o espírito livre do sadhaka (caminhante). Śrī Pārvatī personifica o processo de cit (a Consciência), em constante transformação,  se eleva pelo amor, pelo trabalho e pelo dharma, retornando ao Infinito.


Invocações mântricas para o ritual:

गायत्री
gāyatrī (métrica védica de 24 sílabas, usualmente utilizada na invocação das Deidades)

महामृत्युंजय मन्त्र​
mahāmṛtyuṃjaya mantra (mantra da grande superação da morte)

ॐ त्र्यम्बकं यजामहे सुगन्धिं पुष्टिवर्धनम् ।
उर्वारुकमिव बन्धनान्मृत्योर्मुक्षीय मामृतात् ॥

oṃ tryambakam yajāmahe sugandhim puṣṭivardhanam
urvārukamiva bandhanān mṛtyormukṣīya māmṛitāt

Reverenciamo-nos ao Senhor de Três Olhos, cuja fragrância alimenta e nutre todos os seres.
Como o pepino amadurecido – com a intervenção do jardineiro – é liberado de seu cativeiro, que Ele possa nos liberar da morte, guiando-nos à imortalidade.

पञ्चाक्षरीमन्त्र
pañcākṣarīmantra (mantra das 5 sílabas sagradas)

नमः शिवाय

oṃ namaḥ śivāya

Reverencio-me ao Auspicioso.

Nosso Satsang com Ayahuasca à śrī Śiva e śrī Pārvatī acontece no próximo sábado, dia 19/11, no Templo Polimata em Mairiporã, a partir das 19h.

Siga a programação no evento do Facebook.
Ingressos antecipados no site da Ordem Polimata.


terça-feira, 8 de novembro de 2016

Śrī Gaṅgā Devī - Sataṅga à Senhora da Purificação ॐ

Todas as Glórias à śrīla Guru Mahārāja Ācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!
Todas as Glórias à śrī Mahādeva!
Todas as Glórias à śrī Bhagavan!
Todas as Glórias à śrī Śakti Devī!
Todas as Glórias à śrī śrī Gaṅgā Devī!

Śrī Gaṅgā Devī (श्रीगङ्गाडेवी) é a personificação do Rio Ganges, o mais sagrado rio da Índia. É a Senhora da purificação e da limpeza, que remove o karma e, assim, aproxima as almas de mokṣa (a liberação do ciclo de nascimentos).

Śrī Bhagvatī Gaṅgā é uma das sete  śaktis da Suprema Absoluta Ādi Paraśakti. Auspiciosamente, acompanha os três membros da Trimūrti.

Junto à śrī Viṣṇu, é conhecida como Viṣṇupadī (Aquela que emana dos pés de lótus do Senhor), devido a um passatempo realizado por śrī Vāmana, o anão – a quinta encarnação de śrī Bhagavan – que, ao medir o tamanho do Universo com a abertura de suas pernas, abre neste um pequeno buraco com seu dedão esquerdo, que permite a entrada de Kāraṇārṇava (o Oceano Causal) sob a forma do Rio Ganges. Daí, flui para  Brahmaloka, a morada de śrī Brahmā, onde se mantém por um longo período, para então adentrar em nosso planeta (Bharataloka), onde é recebido por śrī Śiva, de quem também é consorte, personificado como Śrī Gaṅgā.

Está montada em Makara, o crocodilo, símbolo de proteção e devoção. A flor de lótus e kamaṇḍalu (pote de água utilizados por brahmanas e ascetas) representam a purificação e as mudrās emanam a benevolência (varada) e o destemor (abhaya).

Śrī Bhagvatī Gaṅgā

Sua descida à Terra se deu através das preces e sacrifícios executados em honra à śrī Brahmā por Bhagīratha – cujo nome significa algo como “aquele que realiza um grande árduo trabalho” – um virtuoso rei do estado de Kosala e antepassado de śrī Rāma.

Este processo de mil anos foi necessário para a libertar as almas de seus sessenta mil tios-avôs de uma maldição proferida pelo sábio Kapila, que os pulveriza com apenas um olhar, como castigo por terem-no acordado de seu profundo transe e por causarem uma onda de destruição da natureza, enquanto buscavam um cavalo sequestrado por Indra, o temperamental rei dos Devas.

Após a conclusão dos sacrifícios (tapasya), śrī Brahmā concede um pedido a Bhagīratha, que solicita um rio divino para realizar uma cerimônia com o intuito de libertar as almas de seus antepassados. Tarefa esta que já havia sido almejada por outros reis de Kosala, sem sucesso. Tal desequilíbrio vinha causando diversos desastres naturais na região.

Śrī Gaṅgā Devī então é enviada por śrī Brahmā, descendo com enorme força do plano celestial (svargaloka), visto que após eras sendo constantemente adorada pelos Devas, desenvolveu grande vaidade. Assim, sua correnteza era tamanha que, caso tocasse diretamente a Terra, causaria grande destruição em nosso plano (bhuvarloka).

Śrī Śiva, então, se põe misericordiosamente no caminho de śrī Gaṅgā e amortece sua descida com seus cabelos, o que lhe dá o título de Gaṅgādhara (Aquele que recebe Gaṅgā), purificando-a de sua soberba. Todavia, Ela ainda destrói o monastério do sábio Jahnu que, irado, engole a Devī e só a liberta após a insistência dos outros Devas, lhe rendendo o título de Jāhnavī (“filha de Jahnu”).

A descida de Śrī Gaṅgā sobre Śrī Gaṅgādhara

Posteriormente, Bhagīratha guia śrī Gaṅgā pelo território indiano e através submundo, onde encontravam-se as cinzas dos seus sessenta mil tios-avôs, libertando-os aos céus. Assim, por atravessar Svargaloka (o plano celestial), Pṛthvī (a Terra) e Pātāla (o submundo), Ela também é conhecida como Tripathagā (Aquela que flui dos céus às regiões mais baixas”).

Como Mãe, śrī Gaṅgā é Aquela que aceita e purifica a todos. Enquanto śakti, é a potência da fertilidade do aspecto criador de śrī Mahādeva, que se movimenta eternamente. Divina, é água e pode ser sentida e absorvida mais facilmente neste plano menos sutil. Ademais, seu processo de descida do plano celestial (avataraṇa) não se deu diretamente, uma única vez, mas continua a acontecer, num fluxo contínuo dos céus à Terra.

Invocações mântricas para o ritual:

गायत्री 
gāyatrī (métrica védica de 24 sílabas, usualmente utilizada na invocação das Deidades)


त्रिपथगामिनि विद्महे
रुद्रपत्न्यै धीमहि
तन्नो गङ्गा प्रचोदयात्
oṃ  tripathagāmini vidmahe 
rudrapatnyai dhīmahi
tanno  gaṅgā  pracodayāt

Contemplamos Aquela que desce do plano celestial aos planos inferiores
Meditamos na Esposa de Rudra
Reverenciamo-nos à Senhora Gaṅgā para que nos ilumine com sabedoria.

बीजमन्त्र   
bījamantra (contém a sílaba mística raiz da Deidade – para ser repetido 108 vezes na contagem da japamālā)


ॐ गं गणपतये नमः
oṃ gaṁ gaṅgāyai namaḥ
Reverencio-me à Senhora Gaṅgā.

Sobre o bīja:

-     - gaṁ: sílaba que remete a pureza e renovação.

Nosso Satsaṅga com Ayahuasca à śrī Gaṅgā Devī acontece no próximo sábado, dia 12/11, no Templo Polimata em Campinas, a partir das 19h.

Siga a programação no evento do Facebook.
Ingressos antecipados no site da Ordem Polimata.