Todas as Glórias à Śrī Guru Mahārājācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!
Todas as Glórias à Śrī Mahādeva!
Todas as Glórias à Śrī Bhagavan!
Todas as Glórias à Śrī Śakti Devī!
Todas as Glórias à Śrī Pārvatī!
Todas as Glórias à Śrī Śiva!
No mês de fevereiro, nos Templos Polimatas de Boituva (02/02), Mairiporã (09/02) e Campinas (22 a 24/02), celebraremos em nossos Satsaṅgas com Ayahuasca, a Mahāśivarātri, a Grande Noite do Auspicioso (Śrī Śiva).
Śrī Śiva e Śrī Pārvatī: Viśvayamala – o casal cósmico. |
O objetivo principal do festival é
o direcionamento da mente junto à essência divina d’Aquele que tem a
chave para a transcendência do ego e para a liberação
espiritual, em função das virtudes do sacrifício, da compaixão e da
devoção.
É um período de breve intervalo entre a
destruição e a criação. A partir de um processo de profunda
introspecção, nos oferece a honra de contemplar, junto à
misericórdia do Senhor Śiva, os motivos de nossa
decadência. Identificando, pois, tanto o que precisa ser erradicado
de nossos corações, como as virtudes necessárias para que
possamos alcançar mokṣa – a
liberação última.
As principais atividades da celebração
incluem o jejum, o abhiṣeka
(banho dhármico) de śivaliṅgas (que
representam a consciência de Śrī Śiva despersonificada,
desprovida de atributos), e
a vigília durante toda a madrugada em meditação junto à entonação do Pañcākṣarīmantra
– o mantra das cinco sílabas sagradas: auṃ
namaḥ śivāya –, juntamente à pūjā, ofertando itens como:
-
pasta
kumkum: usada nas tilakas (marcas nas testas dos
devotos, conhecidas também como bindus),
e que representa as virtudes buscadas;
-
frutas:
representam a longevidade e a concessão dos desejos;
-
incensos:
purificação e riqueza;
-
lamparinas (ou combustível como azeite ou ghī):
obtenção do conhecimento;
-
folhas
de Bael (marmeleiro-da-Índia): purificação da alma.
Tradicional abhiṣeka das śivaliṅgas no Lalibaba Āśrāma, na cidade de Vārāṇasī. |
A data em questão está profundamente
ligada aos ciclos lunares, considerando a absoluta importância de
Candra, um dos muitos nomes da Lua, para nosso planeta. Controla, por
exemplo as marés e os ciclos de fertilidade; e assim,
consequentemente, os processos emocionais de nosso planeta.
Em todos os meses, a décima quarta noite do
calendário lunissolar hindu é chamada de Śivarātri – em
sânscrito, a “noite do Senhor Śiva”, ou a “noite auspiciosa” – a
noite mais escura do mês.
É
assim identificada devido ao ciclo descensional da Lua, que
diminui nos catorze dias conseguintes à Lua Cheia, até
mostrar-se apenas como um delicado traço no firmamento, durante
sua fase minguante.
Dentro da cultura védica, a Lua é
considerada a representação da alma em interação com a matéria, considerando
que a mesma não emite luz própria, mas sim o reflexo da luz
de Sūrya (o Sol). Consequentemente, é também a Deidade que
governa a mente humana, representando o ego.
Desta forma, a força
da simbologia yóguica das Śivarātris encontra-se no
dia do mês em que a Lua exerce menor influência sobre os processos emocionais
no planeta, a Caturdaśī. É o apogeu do ciclo descendente
face ao materialismo, com forte atração ascendente para a unidade divina, que
revela as distorções do ego diante da realidade.
Sendo assim, durante o Phālguna (mês
equivalente ao período que varia entre fevereiro e março, no calendário
gregoriano), temos o último Caturdaśī do inverno, que
remete a um processo ainda maior de profunda reflexão.
Destarte, nesta noite é celebrada a Mahāśivarātri, a “Grande
Noite do Senhor Śiva” ou a “Grande Noite Auspiciosa”.
Esta importante data do calendário hindu também remete à união de Śrī
Śiva e Śrī Pārvatī, que formam o casal que representa o equilíbrio cósmico entre
o consciência e a manifestação.
Dentre as muitas versões para esta līlā (passatempo
celestial), a história deste casal divino começa com o casamento de Śrī Śiva
com Śrī Satī (cujo nome remete à Verdade Suprema, em sânscrito), primeira
encarnação de Śrī Śakti Devī, a potência feminina absoluta universal.
Śrī Śakti encarna como a Senhora Satī, uma princesas devota
de Śrī Śiva, com a missão de desposá-lo, trazendo-o de volta de seu profundo
estado meditativo. Tinha por objetivo gerar com ele um ser capaz de derrotar o
demônio Tārakāsura, que vinha gerando um desequilíbrio dhármico a partir de
seus grandes poderes, oriundos de uma bênção concedida por Śrī Brahmā, após uma
série de sacrifícios.
Ela é também conhecida como Dākṣāyaṇi, “filha
de Dakṣa”. Este, por sua vez, foi um famoso governante, filho de Śrī Brahmā, e
responsável pela procriação humana neste plano, a partir da criação de seu pai.
Śrī Satī, então, assume sua responsabilidade dhármica
e se coloca aos pés de Śrī Śiva como sua serva, renunciando à vida de riqueza.
Seus esforços são reconhecidos quando Śrī Mahādeva questiona sua pretendente
sobre o que ela busca nele, um asceta que nada tem a oferecer, e ela responde
que nada deseja, a não ser ele próprio.
Entretanto, Dakṣa, que era conhecido por sua
arrogância, não aprova o casamento de sua filha mais nova junto a um eremita, alguém
que não vivia de acordo com as normas sociais da época.
Agindo através de seu falso ego, Dakṣa anunciou
um grande yajña (sacrifício
ritualizado), convidando toda a criação, exceto sua filha e seu companheiro. Ao
tomar conhecimento deste fato viloso, Śrī Satī é envolvida por uma grande
ansiedade, que a conduz direto ao palácio do pai.
Ao chegar na corte, deparou-se com sábios,
deuses e demais seres elevados reunidos junto ao fogo sagrado do yajña. Notou, porém, que ninguém parecia
se importar com sua presença. Discutiu calorosamente com seu pai Dakṣa e compreendeu
que o ritual objetivava a difamação da figura divina de Śrī Śiva.
Tomada pela vergonha da desonra de ter um pai
com a mentalidade tão limitada, orou para que, num futuro nascimento, fosse
abençoada com um pai que ela pudesse respeitar. Assim, atira-se no fogo,
suicidando-se. Furioso e desolado, Śrī Śiva pune severamente todos os
envolvidos e se isola no topo do monte Kailāsa, nos Himalayas.
Tal processo de reclusão do Auspicioso Senhor
se fez uma brecha muito oportuna à Tārakāsura, que intensifica seu litígio de terror.
Assim, o processo de aproximação de Śrī Śakti
Devī junto ao Senhor Śiva toma uma nova direção, seguindo a lógica da constante
transformação que ela representa.
Novamente, a Grande Mãe encarna. Desta vez, em
uma família dedicada ao serviço devocional para Śrī Śiva, nasce como filha do
rei Himavat (a personificação dos Himalayas) e da rainha Mena, com o nome de
Pārvatī, a “Senhora da Montanha”.
Desde muito nova, Śrī Pārvatī dedicava-se
intensamente ao serviço devocional de Śrī Śiva. Quando um pouco mais velha,
sentia que seu objetivo era alcançar os pés de lótus do Senhor como sua esposa.
Todavia, Śrī Mahādeva ainda encontrava-se em profunda meditação e não percebia
os esforços da jovem Śakti encarnada.
Receosos com o crescente poder de Tārakāsura,
os Devas enviam Śrī Kāmadeva (o deus do “amor sensual”) para ajudar Śrī Pārvatī
através de suas flechas do desejo. Todavia, Śrī Kāma não obtém sucesso e ainda
acaba sendo pulverizado por Śrī Tryambaka através de seu terceiro olho. A
tentativa de conquista mal sucedida afasta ainda mais Śrī Śakti Devī de seu
amado.
Depois de diversas tentativas relacionadas à
conquista amorosa, Śrī Pārvatī realiza, com a ajuda de Nārada Muni, que o
caminho para os pés de lótus de Śrī Śiva é o processo devocional ascético.
Assim, abandona sua vida de conforto e riqueza e passa a realizar uma série de duríssimos
tapas (sacrifícios yóguicos), superando os mais avançados ascetas da época,
tomando para si o controle de seu corpo e sua mente, elevando-se ao padrão de seu
amado.
As
austeridades executadas por Śrī Annapūrṇa (outro dos muitos nomes de Śrī
Pārvatī, que remete à abundância) geraram um volume descomunal de energia e
calor, que alcançam Śrī Mahādeva e o despertam. Impressionado com os feitos de
sua pretendente, este imediatamente a aceita como sua consorte. Casaram-se numa
magnífica celebração, que é lembrada anualmente até os dias de hoje, na Mahāśivarātri.
Assim, uma das interpretações da união contada
acima, é que esta representa a importância do equilíbrio entre Śiva (consciência) e Śakti (matéria/manifestação) dentro do
caminhar espiritual.
Outra versão bastante popular contida nos
Purāṇas elucida o motivo pelo qual a vigília é parte primordial das
atividades da Mahāśivarātri.
Esta é conhecida como Samudra
Mathana (a “Agitação do Oceano”) e envolve uma disputa entre
Devas e Asuras em um processo similar à agitação do leite para a obtenção
de manteiga. Todos reuniram-se junto ao Oceano Causal (feito de leite,
em seu estado mais puro) com o objetivo de obter amṛta (néctar
da imortalidade, um subproduto do processo de agitação do leite, em analogia à
manteiga).
Para tal, era necessário agitar o Oceano,
utilizando o Monte Mandāra como haste e Śrī Vāsuki Naga, o Rei das
Serpentes, como corda. Diversas ervas foram adicionadas à mistura e
então diversos subprodutos emergiram do Oceano Causal, incluindo um
poderosíssimo veneno capaz de destruir toda a Criação.
Com o objetivo de prevenir uma possível
desgraça, clamaram pela misericórdia do Senhor da Destruição, Śrī Śiva. Ele
prontamente bebeu e veneno que, por provisão de Śrī Pārvatī, ficou retido
em sua garganta. Tamanha a potência do veneno, tingiu sua garganta de azul, o
que lhe conferiu o nome de Nīlakantha (Aquele que possui a garganta azul).
Como parte do processo de cura, Śrī
Śiva deveria não poderia dormir naquela noite. Assim, todos se
concentraram no processo de devocional Àquele que, em um gesto de sacrifício e
pura benevolência, havia salvado toda a Criação, estabelecendo
a Mahāśivarātri.
Altar sacrificial de um Mahāmṛtyunjaya Homam, ritual do fogo realizado durante a madrugada da Mahāśivarātri em vigília. |
Assim, Śrī Śiva (“o Auspicioso”, em sânscrito) representa
a transcendência do ser, a renúncia à vida material da qual floresce o espírito
livre do sādhaka (o caminhante
espiritual). Śrī Pārvatī personifica o processo da consciência em constante
transformação, que por meio da
manifestação (śakti, a potência da
consciência) se eleva pelo amor, pelo trabalho e pelo dharma, retornando ao
Infinito.
Śrī Ardhanārīsvara, Deidade andrógina que representa a fusão de Śrī Śiva e Śrī Pārvatī: consciência e o poder da consciência. |
Invocações mântricas
para o ritual:
गायत्री
gāyatrī (métrica védica de 24 sílabas, usualmente utilizada na invocação das Deidades)
gāyatrī (métrica védica de 24 sílabas, usualmente utilizada na invocação das Deidades)
ॐ तत् पुरुषाय विध्महे
महदेवाय धीमहि ।
auṃ
tat puruṣāya vidhmahe
mahadevāya
dhīmahi ।
tanno
rudraḥ pracodayāt ॥
Contemplamos a o Ser Primordial,
Meditamos no Grande Deus.
Reverenciamo-nos ao Uivador, para
que nos ilumine com sabedoria.
महामृत्युंजय मन्त्र
mahāmṛtyuṃjaya mantra (mantra da grande superação da morte)
mahāmṛtyuṃjaya mantra (mantra da grande superação da morte)
ॐ त्र्यम्बकं यजामहे सुगन्धिं पुष्टिवर्धनम् ।
उर्वारुकमिव बन्धनान्मृत्योर्मुक्षीय मामृतात् ॥
auṃ tryambakam yajāmahe
sugandhim puṣṭi-vardhanam ।
urvāru-kamiva bandhanān
mṛtyor-mukṣīya māmṛitāt ॥
Reverenciamo-nos ao Senhor de Três Olhos, cuja
fragrância alimenta e nutre todos os seres.
Como o pepino amadurecido – com a intervenção do
jardineiro – é liberado de seu cativeiro, que Ele possa nos liberar da morte,
guiando-nos à imortalidade.
पञ्चाक्षरीमन्त्र
pañcākṣarīmantra
(mantra das cinco sílabas sagradas)
॥ॐ नमः शिवाय॥
॥ auṃ namaḥ śivāya ॥
Reverências ao Auspicioso.
Nossos Satsaṅgas
com Ayahuasca à Śrī Śiva e Śrī Pārvatī acontece nos sábados de fevereiro, a
partir das 19h.
Siga a programação através da Agenda Polimata e no site da OrdemPolimata.
Todas as Glórias à Śrī Guru Mahārājācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!
Todas as Glórias à Śrī Pārvatī!
Todas as Glórias à Śrī Śiva!
Minhas mais humildes, sinceras e profundas reverências,
Yuri D. Wolf.
सङ्कटमोचन