Todas as Glórias
à Śrī Guru Mahārāja Ācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!
Todas as Glórias à Śrī
Mahādeva!
Todas as Glórias à Śrī
Bhagavan!
Todas as Glórias à Śrī
Śakti Devī!
Todas as Glórias à Śrī
Śrī Jagannātha, Śrī Śrī Baladeva e Śrī Śrī Subhadrā!
[fragmento adaptado do] śrīgurustrotam (saudações ao
Guru)
गुरुर्ब्रह्मा गुरुर्विष्णुः गुरुर्देवो
महेश्वरः ।
गुरु
साक्षात् परंब्रह्म तस्मै श्रीमहासूर्याय नमः ॥
gururbrahmā gururviṣṇuḥ gururdevo maheśvaraḥ ।
guru sākṣāt paraṃbrahma tasmai śrīmahāsūryāya namaḥ ॥
O guru
é Brahmā, é Viṣṇu, é Maheśvara (Śiva).
O guru
é verdadeiramente o Supremo Espírito; reverencias à Śrī Mahāsūrya.
Sua Divina Graça Śrī Guru Mahārāja Ācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī. |
Neste mês
de agosto, no Templo Polimata, celebraremos em nosso satsaṅga a Gurupūrṇimā junto
à Sua Divina Graça Śrī Guru Mahārāja Ācārya Mahāsūrya
Paṇḍita Svāmī, Sumo
Grão-Mestre Polimata, em conjunto com a glorificação dos altíssimos Śrī Śrī Jagannātha,
Śrī Śrī Baladeva e Śrī Śrī Subhadrā.
A Gurupūrṇimā é o ritual que acontece
anualmente dentro das tradições hindu, jainista e budista (principalmente), com
o objetivo de enaltecer os grandes professores espirituais, preceptores do amor
e do conhecimento divinos.
A palavra
sânscrita guru deriva de duas outras
palavras: gu, que significa
“ignorância, escuridão” e ru, que
denota o dissipador desta condição, e a palavra pūrṇimā (“lua cheia”) indica a momento do mês em que o ritual
ocorre.
Tradicionalmente,
esta homenagem ocorre no mês Āṣāḍha do calendário hindu (junho/julho do calendário
gregoriano). Porém, dentro da tradição polimata, a Gurupūrṇimā é festejada no mês de agosto, uma vez que coincide com
o ano novo pessoal e a ascensão da maestria de nosso Gurudeva. As Deidades escolhidas para acompanhar esta
celebração, Śrī Jagannātha, Śrī Baladeva e Śrī
Subhadrā, são as facetas
divinas que regem o caminho espiritual de nosso guru dentro da tradição hindu.
Assim, esta
confluência transforma os satsaṅgas de
agosto em dois eventos absolutamente especiais, que manifestam o amor
devocional em todo o seu esplendor.
जगन्नाथः स्वामी नयनपथगामी भवतु मे ॥
jagannāthah svāmī
nayana-patha-gāmī bhavatu me ॥
Que o
Senhor do Universo possa ser objeto de minha visão.
[fragmento
do Śrī jagannāthāṣṭakam]
Śrī Jagannātha, Śrī Baladeva (ou Balabhadra) e Śrī Subhadrā compõem uma trindade celestial que
representa a totalidade do universo, enquanto consciência, manifestação e
potência, respectivamente.
O Senhor Jagannātha
(literalmente “Senhor do Universo”, em sânscrito), é objeto de adoração de
tradições budistas e hindus, sendo considerado uma Deidade não-sectária de
origem tribal, uma vez que seu culto transcende as divisões das escolas filosóficas
presentes nas tradições indianas.
Desta
forma, nas escolas vaiṣṇavas, Ele é
reconhecido como uma forma abstrata de Śrī Viṣṇu ou Śrī Kṛṣṇa. Para os adeptos de
algumas linhagens śaivas
e śaktas, Ele é uma representação de Bhairava (“o terrível”), uma manifestação tântrica
de Śrī Śiva. E,
para algumas tradições budistas, é sincretizado com o próprio Senhor Buddha.
Ademais, ainda
que a influência vaiṣṇava seja atualmente predominante no culto ao Senhor Jagannātha, o processo ritualístico executado em Purī – cidade onde está localizado seu
mais proeminente templo – é baseado em
uma combinação de práticas originárias de diferentes tradições. Seus sacerdotes
são śaktas, e muitos dos mantras e yantras utilizados
são de origem tântrica.
A trindade antropomorfizada. |
As
influências de diferentes escolas são vastas e bastante complexas, e demandam
uma segunda postagem sobre o assunto. Aprofundaremos esta abordagem
futuramente.
Na presente
exposição, focaremos na ótica vaiṣṇava.
Há diversas
versões sobre o aparecimento do Senhor Jagannātha, desde as múltiplas
registradas no conhecimento védico e demais obras que os seguiram, quanto as que indicam o início deste
processo devocional por tribos pré-arianas (como os savaras, por exemplo).
Uma das
mais famosas está relacionada a um episódio descrito no Skandapurāṇa, que narra
a jornada do rei Indradyumna em busca de uma visão do Senhor Viṣṇu.
Certo dia,
um brāhmaṇa chegou ao palácio e
despertou a curiosidade do rei ao comentar sobre uma manifestação de Sri Viṣṇu
chamada Nīlamadhava (Em sânscrito, nīla = azul e madhava é um nome utilizado em referência à Śrī Kṛṣṇa acerca
do passatempo em que o mesmo vence o demônio Madhu). Prontamente, Indradyumna
ordena a partida de outros brāhmaṇas
para que buscassem pela Deidade.
Vidyāpati, irmão do rei, a localiza em
uma pequena vila, fora dos domínios arianos, onde a mesma era secretamente
adorada pelo rei local, Viśvavasu. Após insistentes investidas, o mesmo é
convencido por Vidyāpati e a este revela Śrī Nīlamadhava.
Ao chegarem ao local onde a Deidade se
encontrava, Viśvavasu se retira para colher algumas flores a serem oferecidas à
Śrī Nīlamadhava. Lá,
Vidyāpati observa um pequeno corvo que se afogar nas águas de um lago
próximo, cuja alma imediatamente toma uma forma transcendental e ascende ao
mundo espiritual.
Antes que pudesse atirar-se ao lago para também
ascender, Vidyāpati é interrompido por uma voz
celestial que o ordena a comunicar o achado ao rei Indradyumna. Quando Viśvavasu
retorna, Śrī Nīlamadhava fala, manifestando o seu desejo de receber um tipo de adoração
mais opulento, que seria provido por Indradyumna.
Vidyāpati então retorna ao reino de Indradyumna
que, ao saber do ocorrido, prontamente se dirige ao local indicado por seu
irmão.
Todavia, ao
chegarem à suposta localização de Śrī Nīlamadhava, percebem o local vazio e acusam Viśvavasu de ter escondido a
Deidade. Este, então, tem sua prisão ordenada pelo rei Indradyumna.
Repentinamente,
uma voz vinda dos céus intervém dizendo:
“Deixe os
criadores de porcos e construa um grande templo para Mim no topo da colina Nīla (“a montanha azul”). Lá, você me verá não como Nīlamadhava, mas em uma forma feita de madeira de Nīm (como dārubrahman, ou a manifestação do
absoluto em madeira).
Manifestar-me-ei
em quatro diferentes formas: Jagannātha, Baladeva, Subhadrā e Sudarśana Cakra (o disco de Śrī Viṣṇu, localizado ao topo do atual
templo do Senhor Jagannātha). Aguarde nas margens de Cakra Tīrtha e uma grande tronco marcado com a concha, o disco, a maça e o lótus
emergirá.”
Indradyumna
imediatamente ordena o início da construção do templo e após um longo período
de espera, finalmente recebe a madeira sagrada para a confecção das Deidades.
Esta, com muito custo é retirada da água e então encaminhada em uma carruagem
dourada ao sítio onde o templo havia sido erguido.
Śrī Puruṣottama Kṣetra, o famoso templo de Śrī Jagannātha (maior, mais ao fundo), Śrī Baladeva (intermediário) e Śrī Subhadrā (menor, mais à frente), localizados na cidade de Purī. |
Após uma
série de escultores terem falhado na realização deste trabalho, tendo suas
ferramentas destruídas no momento em que estas tocavam a madeira, o próprio Śrī Puruṣottama (um dos nomes de Śrī Viṣṇu, que significa “o mais elevado
ser”) manifesta-se como Viśvakarma (o grande arquiteto do Universo) e,
disfarçado como um senhor de idade, se apresenta ao rei Indradyumna para
esculpir as Deidades, sob a condição de poder trabalhar sozinho, a portas
fechadas e sem ser interrompido por 21 dias.
O rei
concorda. Porém, o mesmo não controla sua ansiedade e após 14 dias, tenta
espiar o trabalho de Viśvakarma. Depara-se então com a sala vazia e as Deidades
de Śrī Jagannātha, Śrī Baladeva e Śrī Subhadrā aparentemente inacabadas, sem mãos ou pés.
Ademais, o rei é
informado de que o escultor era o próprio Senhor Jagannātha e, devido à quebra
de sua promessa, Dārubrahman havia se manifestado daquela forma. Assim, tomado em remorso, Indradyumna
decide pôr fim à sua vida.
Na mesma
noite, Indradyumna é visitado em sonho pelo Senhor do Universo, que explica não
carecer de pés e mãos materiais para receber os itens oferecidos por seus
devotos, e que a quebra da promessa por parte do rei é apenas mais uma parte de
seus passatempos para que Ele pudesse se manifestar desta maneira.
Potanto, dentro da
tradição vaiṣṇava, a trindade
formada pelo Senhor Jagannātha, por seu irmão mais velho, o Senhor Baladeva e a
Senhora Subhadrā, sua irmã mais nova, carrega um simbolismo de puro amor transcendental,
representando o âmago do processo devocional.
O Senhor Jagannātha, do
alto de sua absoluta bondade e misericórdia, representa a completude e a
perfeição do todo cósmico celestial, que tudo sabe e tudo que é. O Senhor
Baladeva (bala = força e deva = deus) representa o trabalho dhármico a ser
executado dentro do processo devocional, desprovido de apego aos resultados.
Por fim, a Senhora Subhadrā (cujo nome pode ser traduzido como ‘gloriosa’)
representa o puro amor, que é o combustível para o trabalho dhármico, que leva
aquele que neste persiste a alcançar a completude, a realidade ultima.
Invocações mântricas
para o ritual:
गायत्री
gāyatrī (métrica védica de 24 sílabas, usualmente utilizada na invocação das Deidades)
gāyatrī (métrica védica de 24 sílabas, usualmente utilizada na invocação das Deidades)
श्रीजगन्नाथ
śrī jagannātha
ॐ जगथ्पालकाय विद्महे
पुरी प्रदेशय धीमहि
।
तन्नो जगन्नाथः प्रचोदयात् ॥
तन्नो जगन्नाथः प्रचोदयात् ॥
oṃ jagathpālakāya vidmahe
purī pradeśāya dhīmahi ।
tanno jagannāthaḥ pracodayāt ॥
Contemplamos o Guardião do Universo
Meditamos no Senhor da Cidade de Purī.
Reverenciamo-nos ao Senhor do Universo, para que nos ilumine com
sabedoria.
श्रीबलदेव
śrī baladeva
ॐ बलदेवय विद्महे
कामपालय धीमहि ।
तन्नो हालः प्रचोदयात् ॥
तन्नो हालः प्रचोदयात् ॥
oṃ baladevāya vidmahe
kāmapālāya dhīmahi ।
tanno hālaḥ pracodayāt ॥
Contemplamos o deus da Força
Meditamos n’Aquele que satisfaz os desejos.
Reverenciamo-nos ao Arador (que assim representa o trabalho dhármico),
para que nos ilumine com sabedoria.
श्रीसुभद्रा
śrī subhadrā
ॐ नारायण्यै विद्महे
भुवनेश्वर्यै धीमहि
।
तन्नो हली प्रचोदयात् ॥
तन्नो हली प्रचोदयात् ॥
oṃ nārāyaṇyai vidmahe
bhuvaneśvaryai dhīmahi ।
tanno devī pracodayāt ॥
Contemplamos Senhora da Prosperidade
Meditamos na Soberana dos planos.
Reverenciamo-nos à Deusa, para que nos ilumine com sabedoria.
बीजमन्त्र
bījamantra (contém a sílaba mística raiz da Deidade – para ser repetido 108 vezes
na contagem da japamālā)
श्रीजगन्नाथ
śrī jagannātha
ॐ क्लीं जगन्नाथाय
नमः
oṃ klīṃ jagannāthāya namaḥ
Reverências ao Senhor do Universo.
श्रीबलदेव
śrī baladeva
ॐ स्रीं बलभद्राय नमः
oṃ srīṃ balabhadrāya namaḥ
Reverencias Àquele que é forte e poderoso.
श्रीसुभद्रा
śrī subhadra
ॐ ह्रीं सुभद्रायै नमः
oṃ hrīṃ subhadrāyai namaḥ
Reverências à Gloriosa.
Nossos satsaṅgas com
Ayahuasca em à Śrī Jagannātha, Śrī Baladeva e Śrī Subhadrā, também
celebrando nossa Gurupūrṇimā Polimata
e acontecem nos próximos sábados, dia 12/08, no Templo
Polimata em Campinas e 19/08 no Templo Polimata de Mairiporã, a
partir das 19h.
No dia 20/08, domingo, teremos a celebração oficial da Gurupūrṇimā Sua
Divina Graça Śrī Guru Mahārāja Ācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī. Uma festa
de profundo significado e sensibilidade.
Ingressos antecipados no site da Ordem Polimata.
Todas as Glórias à Śrī Guru
Mahārāja Ācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!
Todas as Glórias à Śrī Śrī Jagannātha, Śrī Śrī Baladeva e Śrī Śrī Subhadrā!
Agradeço com muito carinho a imprescindível contribuição
de Filipe Uveda na elaboração do presente texto.
Minhas mais humildes, sinceras e
profundas reverências,
Yuri D. Wolf
ॐ